Onde pára a sede que se “esfumou”?

AAC:  VOLTO AO TEMA

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A Briosa vai no fundo da tabela.

A falta de meios materiais, melhor, a fraca prestação financeira dos seus cofres não lhe permite competir, de igual para igual, com os outros clubes da divisão em que milita.

A falha é de quem, e nestes últimos 10 a 15 anos, deixou que a mística, a da nossa Académica, a de Coimbra, tivesse voado de dentro do seio do Clube.

Repiso o que tenho escrito, faz uns 3 anos a esta parte – algumas vezes mal interpretado e até vaiado por letras aqui pespegadas – de que o espírito, aquele que contagiava não só a massa associativa mas, e também, os próprios jogadores…se ter desfeito, se ter diluído e de se ter derretido pelo e no tempo…

Um destes dias, em visita que fiz a amigos em Coimbra, encontrei um antigo colaborador da AAC (não vou nem sequer pespegar-lhe aqui o nome, quanto mais revelar qual foi, durante décadas e décadas o seu fulcral papel, fora das 4 linhas, qual jogador dos mais abnegados e prezados da Briosa) que, e durante uma conversa de mais de uns 15 minutos, se desfez em lamentos e me traçou a imagem de um Clube que – disse-me – já nem sensibiliza, com uma pequena quota, as centenas e centenas de médicos que labutam, em Coimbra, com ordenados acima da média. “A nossa Académica, sabe querido amigo, já não é a que nos uniu por volta dos anos de 1979/80. Precisa de um abanão e de se lançar a ser uma SAD”. 

Os que podiam ter trucido pela Briosa, desde o Município, passando por algumas empresas e Cidadãos da Cidade, até à própria Universidade, em tempo útil, desligaram-se. Pior: enterraram o tal espírito e a mística de uma Instituição centenária – poderá ser o 8.o mais antigo Clube do Mundo – que já não se liga aos seus princípios de solidariedade, de irreverência e de grande conforto estudantil.

A Académica – e convirá dizê-lo sem medos e sem cortesia – foi quase estripada pós-Revolução de Abril, quando o PCP lhe tentou deitar a mão para a varrer dos Organismos da AAC.

Foi quando um punhado de homens, gente de Coimbra ou de sentimentos fortes ligados à Cidade, por terem estudado nela ou assentado arraiais na urbe, decidiram criar o OAF/AAC, salvando a Académica de morte certa. Foi um período difícil, mas contornado e ganho por esses Cidadãos de devoção e apego a Coimbra.

A Académica – estou cansado de o afirmar – precisa, neste século XXI, que já quase vai às portas do I quartel, de ser repensada, reorganizada e de captar a sensibilidade das gentes, das principais Instituições e das maiores Empresas para que possa vingar.

Caso contrário acabará por se desfazer.

A Nossa Académica precisa que o novo Presidente do Município convoque uma reunião com dirigentes, principais “cromos” (sem ser depreciativo) de sócios e amigos, para estabelecer um projecto/programa que a revitalize.

Deixo redito: porque não, com fundos comunitários, com o apoio da autarquia, fundar uma Escola de Futebol, onde cada jogador possa frequentar os ensinos preparatório, secundário e superior? Uma escola que possa formar bons profissionais não só para o futebol nacional e internacional mas, também, para actividades laborais.

A Académica só teria a ganhar com isso e poderia reerguer-se. Não será difícil lançar-se a esse projecto. Haja quem tenha vontade e se agarre ao desafio…

António Barreiros