Editorial 08-05-2021
CUIDADO(S)
Cuidem-se as vozes que murmuram os ventos madrugadores e as portas que se entreabrem numa vergonha desmedida.
Cuidem-se os estranhos pensamentos em deriva de mente em mente, que cautelosos se entrelaçam nas pálidas manhãs pestanejantes de azul.
Cuidem-se os velhos trapos que serviram e que agora recordam os lixos alheios e os seus últimos “ais”.
Cuidem-se as sólidas profissões de status duvidoso que enganaram os dias e as noites perenemente, sem dó nem piedade.
Cuidem-se os esponjosos indivíduos que se manifestam tardiamente com impertinentes objeções de não sei quê quando a pomada se faz rara.
Cuidem-se as nobres castas, os bons vinhos e as boas colheitas que agora quem pode manda e quem manda nem sempre sabe mandar.
Cuidem-se e cuidemo-nos em tudo o que somos, que por aqui só se passa uma vez em forma de qualquer coisa que se desconhece a razão.
Cuido em mim todo aquele que merece tais cuidados e descuido em tudo o que desmerece o meu tempo. Tempo não é dinheiro, tempo é amor e amor é ter e dar tempo…
(Imagem retirada da net)
Sofia Geirinhas
A poetisa do pé descalço