COIMBRA HOMENAGEADA É AGORA HOMENAGEM

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A força de tantos, de fora e de dentro, dizerem mal de Coimbra esquecemos os nossos heróis.

Os heróis que engrandecem a “Lusa Atenas” vão acabando por ser desligados da polis que os provocou, que exigiu à maneira de Mestra (pois que Coimbra ainda é uma lição), que bateu em ferro para tornar resistente a alma portuguesa.

Esta Coimbra que, também pela severidade, ensina seus alunos e se vai naturalmente desligando à medida que a alma dos seus discípulos se concentra, se torna rica e ganha força do que é.

Ouvimos o toque da “cabra” que não nos deixa esquecer os seus heróis. Intimamente lembro apenas um punhado dos que formaram suas almas em Coimbra para seguirem as suas epopeias como: o Conde D. Sesnando que soube ligar as três religiões do livro Sagrado; Afonso Henriques que, mesmo analfabeto, ensinou o que unia os portugueses na luta pela sua independência; Fernando de Bulhões que veio estudar e se rendeu aos valores da humildade Franciscana transcendendo-se em Santo António; Camões que, em Coimbra e por intermédio da Afrodite, recebeu o convite para entrar no Olimpo da arte de cantar o peito lusitano; mas também Antero que acordou os jovens estudantes para ouvirem as conversas entre Deus e os filósofos, encarnação de Sócrates (?), e deles nasceu a geração que mudou a mentalidade portuguesa pois que perpetuada, também, por um dos seus atentos alunos, Eça de Queirós, que assistia às aulas desde a escuridão noturna até à aurora da inteligência, onde Antero nas escadas da Sé Nova de Coimbra sacudia os jovens até se transformarem em pensadores.

Acredito que nenhuma outra homenagem poderia tocar tanto alguém que, sendo conimbricense de alma e coração, é a prova viva de que Aristóteles estava certo quando dizia que só é ético o Homem que concentra em si a generosidade com coragem. Esse exemplo vivo que junta uma enorme generosidade com a coragem de dizer o que pensa e sente é o ainda Diretor deste jornal O Ponney, doutor José Querido.

A única homenagem que me ocorre ao Diretor do jornal O Ponney, José Querido, é o próprio enaltecimento da cidade de Coimbra em singelo agradecimento pela sua enorme generosidade e absoluta coragem em me passar testemunho.

Sinto-me muito honrado por continuar esta luta para que Coimbra não seja esquecida como a única verdadeira capital do espírito português.

Prometo solenemente que nunca amesquinharei Coimbra como região. Coimbra é muito mais do que uma região pois ocupa o verdadeiro lugar que é o coração de Portugal; ao centro e a sentir o que o espírito português lhe dita.

A eternidade da ética, movida pela generosidade e coragem, que Coimbra ensina e que tem a ação de José Querido continuará pelo meu testemunho “se a tanto me ajudar o engenho e a arte”.

Bem haja doutor José Querido.

 

José Augusto Gomes