Editorial 03-07-2021

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Um dia (in)feliz

Ninguém esperava ter um dia diferente.

As pedras falavam entre si e as ondas dançavam ao som do vento.

No ar pairavam folhas e os grãos de areia saltitavam escaldantes de pé em pé.

O dia começava a espreitar por entre a brisa matinal enquanto os veraneantes se preparavam delicadamente e estendiam as suas esteiras de praia. A última toalha a ser colocada no chão tinha sido a minha. Ali se acabava a possibilidade de vir a ter vizinhança. Ainda bem, aproximava-se o sol e um dia feliz.

No decorrer das horas, as crianças brincavam e os adultos construíam os seus castelos de areia. Como é difícil ser adulto! Mas podemos construir castelos de areia o ano inteiro, pensei eu.

O Sol estava cada vez mais perto de mim, afastei-me e mesmo assim sentia que ele me perseguia. Então decidi mudar de areia e procurei outra menos atraente, sentei-me e pensei que ali ia ser o meu último lugar escondido do sol.

Pouco tempo depois decidia abandonar a areia tentando acreditar que esse castelo ficaria ali para sempre e assim teria sido um dia feliz…

Todos os meus castelos se desmoronavam e eu continuava a acreditar que um dia qualquer ainda poderia ser feliz, o dia e eu com ele.

 

Autoria da poetisa de pé-descalço

Não respeita o AO90

Cébazat, dia 20 de Junho de 2021