Editorial 06/06/2025

EDITORIAL 06 06 2025

DOS ESTADISTAS AOS CARICATURISTAS

Disse-me o nosso grande Eça de Queirós, através do livro as “Cartas de Inglaterra”, que a preocupação pungente de uma nação e de tudo o que a nação pensa está no que dizem os “homens de estado até aos:caricaturistas.” Não deixa de ser muito interessante a forma como o grande Eça diz que se revela uma nação que vai desde os estadistas até aos: caricaturistas.

Eu assumo-me, por profissão e por espírito, como um ‘caricaturista’. Na qualidade de dar voz aos que não são ouvidos pelas ‘pessoas de estado’. Os que são ignorados pelas prioridades dos estadistas, sejam eles do estado mundial até ao estado regional, devem ser ouvidos, respeitados e levados a poderem negociar.

Na perspetiva dos estadistas é mais fácil usarem a hipocrisia para com a população, pois, consideram os eleitos, que quem os elegeu não têm capacidade para discutir política. No sentido que uso a ‘hipocrisia’ tenho intenção de dizer que é a prática de fingir ter crenças, virtudes ou sentimentos que, na realidade, não se possuem, frequentemente exigindo que os outros se comportem de acordo com padrões morais que a própria pessoa não segue ou não vive. Logo, assumo uma posição. Esta é a grande matéria prima do caricaturista. Vendo as grandes diferenças entre um discurso e a ação desejada. A maioria dos estadistas, aspiram, há muito tempo e no seu pragmatismo progressista, a reduzir pessoas a máquinas, tal como hoje se quer que as máquinas façam as vezes das pessoas.

Os caricaturistas, de profissão e espírito, reivindicam o humano que não pode ser substituído por qualquer máquina seja, ou não, pseudo “inteligente”. Só num mundo que perdeu o contacto com a própria alma se tem “inteligência” como sinónimo de “consciência” e como o mais alto valor de mercado - a par da “utilidade”. As tendências são uma e a mesma: tornar-nos semelhantes às máquinas, unir-nos a elas numa simbiose feliz e adotá-las como blocos de construção da sociedade superior do futuro: mais eficiente e menos dissidente. É este o campo de batalha dos caricaturistas referidos por Eça de Queirós - numa resistência a favor da dissidência para testar a qualidade da Democracia.

Neste campo de batalha trazemos «UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA DA REITORIA DA UC», onde reina a ação hipócrita de usar, apenas, no discurso o que não se aplica na ação.

Como caricatura, escrita, apresento-vos « USF CELAS À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS» onde a Unidade de Saúde Familiar de Celas não é ouvida até começar a tornar pública o seu “ataque de nervos”. Depois de tornada pública os estadistas regionais finalmente balbuciaram que vai ser muito caro e outros argumentos vazios dado o tempo de silêncio e a falta de diálogo.

Numa outra caricatura escrita temos o artigo «“ÁGUAS DE BACALHAU” NOS SMTUC» que faz uma resenha sobre as medidas políticas dos estadistas regionais para com os transportes municipais que originam o mal estar provocado, também, pelas greves.

A caricatura evidente sobre «“LA FAMIGLIA” EM PORTUGAL» aponta para a conservação do poder que vem desde a ditadura do “Estado Novo”, atravessaram o 25 de Abril, mantendo o poder durante a Democracia.

A posição dos estadistas e da hipocrisia entre os discursos e as ações levam a que se faça a caricatura, muito triste, sobre um dos maiores desumanismos: «25% DOS MAIS RICOS DETÊM 48% DO RENDIMENTO DE PORTUGAL». A precariedade aumenta enquanto o outro lado grita a responsabilidade dos que não têm oportunidades.

Nos artigos de opinião iniciamos com a voz de José Vieira, Presidente da Assembleia Geral da APMEDIO (Associação Portuguesa dos Média Digitais Online), que nos traz a sua apreciação sobre as Autárquicas.

Mantendo o assunto sobre as Autárquicas 2025, ouvimos a opinião da nossa leal amiga Rosário Portugal.

A aliviar as caricaturas temos o artigo de Manuela Jones que nos transporta à lenda dos irmãos fluviais.

Um outro artigo para caricaturar os “bajuladores” temos o artigo de José Ligeiro que vos vai fazer sorrir de canto-de-boca.

Em oposição temos mais uma vez o artigo de Adriano Ferreira, licenciado, que nos traz a defesa dos estadistas regionais.

Outros artigos podem levar a que cada leitor descubra a caricatura, num jogo entre quem diz mais em menos para quem deseja observar e viajar mais longe.

Qualquer assunto que tenham ou que queiram partilhar, agradecemos que nos enviem para o endereço de e-mail d’O Ponney :
info@oponney.pt

Saudações conimbricenses;

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney