Editorial 09/05/2025
OPORTUNISMOS VERSUS PRIORIDADES!
A corrida desenfreada, dos partidos ou coligações, pelo maior número de votos causa uma enorme confusão entre ‘prioridades’ e ‘oportunismos’.
O que é natural. Dado que os partidos, ou coligações, têm apenas como objetivo principal sentar mais rabinhos, da sua lista, na Assembleia da República.
Naturalmente salta mais fácil a promessa oportunista. O imediato. Os portugueses têm falta de habitação? Promete-se “duplicar a construção de casas públicas”!
- Mas os portugueses continuam a amontoarem-se na Grande Lisboa e no Grande Porto e continuam a não ter poder de subsistência. De nada serve aumentarem os ordenados mínimos, quando o custo de vida sobe mais do que os aumentos dos ordenados.
Depois, para se aumentar os salários, em equilíbrio com o custo de vida, tem-se um outro problema: é que os produtos ou serviços postos à venda, em mercado nacional ou internacional, não conseguem competir com a produção estrangeira. Onde essa produção externa não quer saber das regras laborais e por isso baixam muito os preços. A solução está em ver o que está a montante deste problema e não no oportunismo imediato.
- Os jovens abandonam o país? Baixa-se o IRS Jovem, isenta-se o IMT na compra da primeira habitação...mas apenas para os “jovens”. Quando na realidade os jovens queriam boas oportunidades de trabalho para poderem pagar os seus impostos e ajudar os mais idosos sem colocar em risco a sua sobrevivência. Os jovens devem suportar os idosos para que um dia outro grupo de jovens façam o mesmo e não o contrário.
Mas o oportunismo da solução rápida é mais imediatista para o único objetivo dos partidos ou coligações que é o de conseguirem o maior número de votos. Nem que para isso se sacrifique a reflexão política. E sacrifica-se o desenvolvimento de Portugal pela morte lenta da noção do que é ‘prioritário’.
Lembrar o que é prioritário é, também, a função da comunicação social. Relatar o que acontece agora é importante, tal como é importante lembrar o que é prioritário. Porém, o que acontece agora inunda de tal forma a comunicação que se perde o que é importante. O que é prioritário.
E o que é prioritário?
É prioritário percebermos o que está a montante dos problemas dos dias de hoje. O que motivou a falta de casas a preços acessíveis? Porque é que os jovens se formam em Portugal e depois trabalham e acabam a viver no estrangeiro?
A formação em Portugal é boa, graças à resiliência do ensino superior, mas depois os outros países são muito mais atrativos nas condições de trabalho e de vida. Fazendo um maior equilíbrio entre o custo de vida e os ordenados.
Esta noção de O Ponney trazer a questão do que é prioritário, levou-nos a ser o único meio de comunicação social a estarmos presentes na apresentação do manifesto «A insustentável leveza da ciência». Sim, fomos o único meio de comunicação (entre jornais, rádios e televisão de Coimbra e a nível nacional) a estarmos presentes na discussão entre investigadores científicos precários da Universidade de Coimbra (UC) e representados pela Comissão de Trabalhadores da UC.
Num país sem mão-de-obra barata que consiga competir com a grande China tem que apostar muito mais na inovação e no desenvolvimento. Só a ciência, a montante da tecnologia, pode permitir o desenvolvimento de todas as áreas importantes para a humanidade. Desde o lúdico à saúde; do conforto até à sustentabilidade ambiental; passando pela tecnologia que permite afastar o ser humano do castigo laboral, tudo advém da forma como um Estado vê a sua ciência. Se não deseja, a prioridade na ciência, e fecha-se num país que mastiga mão-de-obra indiferenciada migrante caminha para um evidente acumular de problemas sociais e estruturais - como é o caso de Portugal nestes últimos decénios.
Por essa razão O Ponney deu prioridade para ouvir os que fazem ciência: os investigadores que também estão na nossa vetusta Universidade de Coimbra.
O Ponney foi o único meio de comunicação que ouviu os investigadores precários. Sem os estigmas ideológicos, nem os receios da pressão do poder estivemos a ouvir as dificuldades de quem traz as verdadeiras soluções do desenvolvimento.
O artigo «OS INVESTIGADORES DA UC PEDEM A PALAVRA» relata na primeira pessoa o testemunho de investigadoras científicas da UC que tiveram a coragem, sem pressões ideológicos, de contar o que se passa no seu dia-a-dia na UC e que não é diferente de qualquer outra escola de ensino superior.
Em nome das prioridades também apresentamos um artigo onde fazemos a pergunta a todos os cidadãos eleitores: «FOI VOCÊ QUE PEDIU UM PAÍS DE MÃO-DE-OBRA BARATA?» Qual a direção que desejam para Portugal? Uma “via verde” para importarmos migrantes que trabalham a troco de dificuldade de sobrevivência; ou um país que dá prioridade à Investigação e Desenvolvimento? Sendo claro que um país mais consubstanciado pode receber melhor os seu migrantes e não juntá-los ao aumento da pobreza nacional.
O artigo «O MAIS EFICIENTE SERVIÇO DO ESTADO PORTUGUÊS» coloca a nu o oportunismo do Estado português.
Para quem não saiba há uma grande diferença entre apoio e investimento. O artigo «UM INVESTIMENTO OU UM APOIO AO IPN?» tem intenção de explicar se se deve apoiar ou investir no IPN.
Terminamos os nossos artigos de destaques continuando com a questão entre prioridades e oportunismos, de que o MetroBus de Coimbra é um excelente laboratório para se testar as decisões políticas. O artigo «VALE A PENA SER MOTORISTA DO “METROBUS”?» pode fazer-nos refletir sobre se foi o oportunismo ou a prioridade que baseou este enorme empreendimento.
Depois temos os nossos habituais artigos de opinião. Desta vez iniciamos com um artigo da nossa amiga Rosário Portugal sobre a questão do teletrabalho em testemunho da primeira pessoa.
Em testemunho da primeira pessoa temos, também o artigo de José Ligeiro sobre a maneira como vê a humanidade hoje. Este artigo é extremamente polémico.
Sem polémicas, temos a doçura no artigo da nossa sempre presente Manuela Jones com mais um artigo lembrando outros tempos dos Barreiros em Coimbra. Mas do outro lado do rio Mondego.
A fechar os artigos de opinião temos o texto do licenciado, Adriano Ferreira, que nos faz um reato do que acontece no «CONSELHO ESTRATÉGICO MUNICIPAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE COIMBRA». Será eficiente?
Muitos outros artigos que cada um poderá explorar nas nossas diversas áreas.
Bom fim de semana e boas leituras;
José Augusto Gomes
Diretor do jornal digital O Ponney