Editorial 10/01/2025

Editorial 10 01 25

MESMO NÃO CONCORDANDO COM O QUE DISSER...

A continuação da frase que serve de título diz: «Mesmo não concordando com o que disser, defenderei até a morte o direito de o dizer» e é muitas vezes atribuída a Voltaire, quando na realidade é de Evelyn Beatrice Hall, que a escreveu para ilustrar as crenças de Voltaire, na sua biografia sobre o autor "Amigos de Voltaire".

Independentemente de quem seja o autor, esta frase é particularmente feliz no resumo de uma ideia importante que fundamenta a Democracia. Um dos grandes pilares, se não mesmo o mais importante, da Democracia é o livre direito à expressão.

Porém, coloca-se a questão: até onde é que a liberdade de expressão pode ofender deliberadamente a honra e o bom nome do outro?

Esta é a pergunta que separa o direito dado pela Democracia e a ofensa. Ora é exactamente na palavra ‘deliberadamente’ que nos dá a pista crucial para separar o “trigo do joio”.

O termo ‘deliberadamente’ significa que foi feito de propósito ou com determinada intenção, neste caso, de ofender uma pessoa. Porém quando se faz uma crítica a uma ação, esta não foi com o propósito de ofender a pessoa, mas do que foi feito pela pessoa visada. O termo ‘deliberadamente’ separa a intenção de ofender a pessoa ou a sua ação.

Como exemplo ilustrativo: dizer que a pessoa A teve uma ação estúpida não significa obrigatoriamente que esteja a considerar que A é pessoa estúpida. Está-se apenas a dizer que a ação é estúpida, no entendimento de quem o profere. Para isso basta que cada um de nós faça uma auto-reflexão para que veja quantas ações poderiam ser condenadas e não pode ser por causa disso que nos possamos auto-depreciar.

É aqui que se separa a ‘liberdade de expressão’ do ‘ataque deliberado a pessoa’!

Por outro lado, uma figura pública, que consentiu e até desejou sê-lo, passa a ser um alvo para a opinião publica. Ou como o povo costuma dizer: «pôs-se a jeito». Somando ao facto de ser figura pública a ser político eleito, a exposição passa a ser maior para uma crítica às ações que têm intenção de alterar o quotidiano das pessoas. Como acontece com as ações políticas.

Mas as críticas às ações políticas, de um eleito, podem ser caladas quando há confusão entre “liberdade de expressão” e “difamação de pessoa”. Ou confusão entre “liberdade de expressão” e “ataque à nação” - esta muito usada pelo Estado Novo.

A confusão que ajuda a calar a intervenção dos cidadãos é uma forma usada por quem defende mais a tirania do que a democracia. Pois considera, quem deseja calar a democracia, que poucos “incendeiam” muitos o que fundamenta o pensamento tirânico de que o povo, na sua maioria, é ignorante e acéfalo - na sua absoluta descrença da democracia.

O nosso artigo «RESÍDUOS DE CELULOSES DESPEJADOS EM SOUSELAS» prova que, dar voz a mais cidadãos, se cumpre melhor o objetivo de melhorar as condições de vida das regiões e do próprio país. Neste caso uma munícipe alertou as autoridades do crime que se está a cometer em Souselas e em mais dois concelhos do distrito de Coimbra. Mas é esta “populaça” participativa que a tirania deseja calar.

O artigo «FAZ-ME FESTAS EM COIMBRA!» conta as prioridades da Câmara Municipal de Coimbra. Dados que nos podem aumentar a nossa intervenção na comunidade.

Neste raciocínio que defende a Democracia denunciamos o que se passa no mundo, em Portugal e especificamente em Coimbra sobre o modo como, a pouco-e-pouco, está a ser limitada a Liberdade de Expressão por intermédio do desenho humorístico, cartoon. O que por si só nos deve colocar a questão « Colabora, em silêncio, com esta vaga de tirania que começa a ganhar cada vez mais força?» Uma pergunta que cada um de nós deve fazer antes de acordar um dia e ter uma polícia política a bater-lhe à porta.

Dentro da nossa colaboração de cidadania devemos perceber se a « HABITAÇÃO SOCIAL - É OU NÃO IMPORTANTE?» Ou se está certo pensar que a “habitação social é apenas uma maneira de muitos pagarem a outros para não terem responsabilidades”. Devemos refletir para podermos defender o que é melhor para a nossa comunidade, seja região, seja continental ou mundial.

Neste trabalho de cidadania, cabe a O Ponney alertar para que «NÃO HÁ REPRESENTAÇÃO PARA OS 155.306 VOTOS EM BRANCO E NULOS». A Democracia terá que melhorar para ouvir os muitos eleitores portugueses. Perceber o que desejam, ouvir todos e entender o que é melhor para a comunidade.

Nos artigos de opinião começamos com a voz da nossa amiga Rosário Portugal que nos traz a pergunta «LIBERDADE DE QUÊ?» e onde nos explica a importância da Liberdade de Expressão.

Paulo Freitas do Amaral traz-nos o artigo «OS MOVIMENTOS COMUNISTAS DE JOVENS E CRIANÇAS EM PORTUGAL» que nos deve fazer refletir. Pois considera o autor que está a haver um tratamento desigual entre a Esquerda e a Direita.

Manuela Jones, amiga de O Ponney, traz-nos um artigo sobre as «PROFISSÕES QUE DESAPARECERAM» numa ação de cidadania importante para uma reflexão geral.

Outros artigos sustentam o nosso O Ponney.

Desejo, a todos, bons momentos de reflexão para os leitores que beneficiam de um jornal completamente isento e feito com o trabalho de quem o faz a “vestir a camisola”.

Agradecemos que partilhem as notícias de O Ponney para nos ajudarem ao seu conhecimento.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney