Editorial 14/02/2025

EDITORIAL 14 02 25

CELEBRAMOS O AMOR!

O amor celebra-se, também, com humor. Rir em conjunto talvez seja a melhor forma para celebrar o dia dos namorados. Que me faz lembrar uma das anedotas contadas sobre esse maravilhoso povo que sabe rir de si próprio que são os alentejanos.

Perguntava um alentejano para outro: - Êh compadre, vossemecê vai casar por amor ou por interesse? - O outro responde depois de pensar uns bons minutos: - Olhe, na sei bem...acho que deve ser por amor, pois eu na tenho interesse nenhum nela!

Bem sei que esta anedota tem barbas brancas. Já é muito conhecida e gasta de tanto a contarem. Bem sei. Mas acreditem que me fez pensar nela durante anos. A piada não se deve resumir a uma certa ingenuidade do moço alentejano, que ia casar, e que na falta de possibilidades de outra escolha opta pelo termo que menos conhece na sua amplitude: o ‘amor’.

Esta coisa de saber o que significa o termo ‘interesse’ é mais comum do que o significado da palavra ‘amor’ - sempre foi isso que me intrigou. Esta palavra ‘amor’ é uma palavra muito mais ambígua do que a palavra ‘interesse’ e lá estou eu a desmanchar a anedota. Perdoem os que ainda resistem a ler o editorial de O Ponney, mas em boa verdade a reflexão sobre o termo, que vai muito além da palavra ‘amor’, é fundamental para quase tudo o que fazemos na vida e talvez por isso mereça que desmontem a piada que afinal é ‘humor’ da melhor qualidade.

E voltando à velha anedota, foi a sua história que me alertou para a importância do amor em detrimento do interesse. Quando sabemos amar os defeitos dos outros, como também defeitos nossos, ainda que em quantidades diferentes (cada um julgará por si e o tempo julgará por todos), o namoro torna-se muito mais genuíno, mais puro, mais quente e mais duradouro. Apenas porque já amamos os outros seres, sejam eles humanos, animais, vegetais ou minerais, abrimos o nosso coração para o amor.

Não é, obrigatoriamente, necessário ser correspondido - dado que isso passa a ‘interesse’ - mas apenas amar ou abrir o coração reduz a necessidade do interesse pessoal. Não julguem que estou a dizer que desdenho o ‘interesse’, pois é importante termos bem presente as nossas necessidades e como o interesse as pode colmatar, mas tem que ser controlado tal como o medo, quando desejamos coragem. No entanto, devemos ter bem presentes a regra, ética e moral, onde o desejo de dar deverá sempre superar em triplo o que pedimos.

Combater o excesso de interesse, que mata o amor, é a escolha que baseia O Ponney nesta edição publicada no dia dos namorados.

Por isso abrimos a nossa edição com o artigo «A VERDADE É COMO O AZEITE...» juntando informação para que os nossos leitores possam formar um juízo mais claro como cidadãos eleitores.

O artigo seguinte fala sobre «O PARAÍSO DO ABUSO DE PODER» onde o interesse impera sobre o amor a maioria dos portugueses que sobrevivem com dificuldades.

«DEMAGOGIA OU CRENÇA NA INOCÊNCIA DOS ELEITORES?» - é um artigo que confronta uma certa hipocrisia política.

Numa linha mais internacional, O Ponney avisa sobre as questões de segurança no artigo «GOLPES POR EMAIL OU SMS». Cuidado e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Também por razão de uma gestão, mais por interesse do que amor, está o artigo «FALTA DE CONDIÇÕES LABORAIS NO CEMITÉRIO DA CONCHADA» que informa sobre as más condições dos trabalhadores em Coimbra, neste caso o do Cemitério da Conchada. Os trabalhadores vão ter hoje uma reunião com o vereador Carlos Lopes, depois de esperarem quase um ano pela marcação dessa reunião. Esperamos que sejam resolvidos os problemas que acabam por nos afetar a todos.

Abrimos os artigos de opinião com um texto da nossa amiga Manuela Jones com o título: «PEQUENO TEXTO DEDICADO AO AMOR» para homenagear devidamente o Dia dos Namorados.

Esta coisa das reivindicações dos sindicatos deu a base de mote para publicarmos um artigo de uma comunista convicta e nossa amiga, a Carla Marques, que nos traz a importância da discussão sobre a importância de um partido de fortes convicções como é o PCP.

Por fim, dos artigos de opinião, apresento um artigo escrito por mim sobre esta coisa da necessidade de «ESCLARECIMENTO SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO, SÁTIRA E HUMOR», como garante da Democracia. Este artigo é na minha posição de caricaturista e cartunista, enquanto interveniente na política não partidária e na resposta a um artigo do atual presidente da CMC.

Muitos outros artigos para poderem explorar na nossa página onde o amor se coloca acima do interesse.

Que tenham um excelente fim-de-semana, com o coração cheio de amor de maniera a ter pouco espaço para o interesse mesquinho.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney