Editorial 16/05/2025
FOI VOCÊ QUE PEDIU ‘ESTABILIDADE’?
Como estamos perto das eleições Legislativas, que se realizam neste próximo domingo, não há como escapar a este assunto. Considero importante analisarmos pelo menos a lista com mais intenção de voto ditado pelas sondagens.
Por isso escolhemos a palavra ‘estabilidade’ que foi o mote da lista mais acima na intenção de voto. Ora é do senso comum associar a palavra ‘estabilidade’ a algo que está firme, que tem a qualidade de permanente, de seguro. A lista com mais probabilidade de ganhar as eleições pedia isso ao eleitorado na sua campanha. A palavra ‘estabilidade’ apareceu em abundância e foi o mote escolhido. O que é interessante saber é a quem serve a dita ‘estabilidade’.
Também é interessante percebermos que essa firmeza, essa permanência, essa segurança vai contra a ideia mais básica de democracia. Acredito que as pessoas que elaboraram a campanha política não tenham isso em conta, pelo menos de maneira consciente, mas é facto que a democracia exige um período limitado no governo de um país para que não haja essa ‘permanência’, essa firmeza ou essa “estabilidade”. Que haja a necessidade de um qualquer governo democrático negociar com diversos interesses da sociedade e não um governo fechado sobre si mesmo.
Por isso um governo ‘estável’ é próprio de um sistema ditatorial como o caso da China onde o governo é permanente e vitalício; ou do Estado Novo em Portugal ou de qualquer sistema de absoluta tirania, onde o governo se fecha nas suas próprias decisões.
Um governo estável é, pela definição da própria palavra, um governo permanente, mais próximo do que é vitalício, que não quer eleições. Outro dado interessante é que foram as próprias pessoas, que hoje pedem ‘estabilidade’, que deram o arranque para estas eleições Legislativas fora do tempo. O que aparentemente é uma contradição. Na realidade não é nada contraditório.
A precipitação das eleições Legislativas foram criadas para que existisse maior reforço para um maior poder a quem esteve no governo. Por isso esta necessidade de ‘estabilidade’. Ou seja: maior firmeza e permanência da equipa governamental no poder de mais coisas poder decidir durante mais tempo sem ser obrigatória a negociação com parceiros que representam outras partes da sociedade.
Estamos apenas a analisar as intenções dos sujeitos, que lideram nas sondagens sobre intenções de voto, e proferem o mote. Esse é um exercício de esclarecimento democrático que nos dá a radiografia dos discursos. Independentemente da inclinação partidária de cada um é sempre importante analisarmos as palavras e os seus contextos para uma melhor reflexão do que pode desenvolver Portugal ou não.
A falta de uma certa reflexão externa à simplificação do ‘sim’ ou do ‘não’ leva a que não haja amadurecimento da Democracia em Portugal. Do saber negociar, do preferir a discussão pedagógica do que a imposição. Para isso é necessário o esforço de refletir. O que não aconteceu com a Organização da Queima das Fitas em Coimbra. O nosso artigo tem apenas a intenção de fazer refletir mais do que desmascarar um erro.
O que está atrás do erro é que é importante para que possamos refletir, dado que é um erro idêntico ao cometido pelo Reitor da UC, Amílcar Falcão, quando em vez de iniciar uma discussão pública sobre o consumo de carne de vaca, decidiu proibir sem ouvir os prós e os contras. Este tipo de erro repetiu-se no artigo que trazemos com o título «GUERRA DE TRONOS NA SÉ VELHA».
O artigo que tem o título humorístico «CMC PREFERE OUVIR MÚSICA», faz-nos lembrar nos jovens que se isolam com os auscultadores nos ouvidos e que nem se apercebem quem têm em volta. O artigo dá conta de uma situação que se assemelha a esta errada prática dos jovens que tende para o autismo.
O aumento da taxa fiscal, superior ao desenvolvimento económico de Portugal, é um assunto que causa indignação a grande parte da população que paga os impostos, onde o IVA tem um peso enorme sobre as pessoas e que aumenta o custo de vida. De pouco serve aumentar ordenados quando a carga fiscal direta ou indireta aumenta sempre mais. Por isso o artigo «MÃOS AO ALTO».
Voltando ao assunto da ‘estabilidade’ colocamos a pergunta a quem irá servir? Talvez o artigo «TAXOS AUMENTAM E JULGAMENTOS POR ABUSO DE PODER BAIXAM» consigamos ter algumas pistas sobre a quem serve a estabilidade.
O artigo «UC APLICA A FRASE “EM CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU”» apresenta a contradição entre o discurso feito esta semana pelo Reitor da UC e a prática numa das Universidades mais antigas do mundo e que dá vitalidade à cidade de Coimbra. As possíveis contradições entre o discurso e a prática, de quem tem poder para fazer a diferença, causa bastantes patologias à sociedade. O Ponney alerta para o erro na esperança da sua correção.
Depois damos a palavra a uma das listas concorrentes à nossa Briosa. Esta lista solicitou a O Ponney que fosse dada visibilidade e nós aceitámos a divulgação. Tal como faremos com a outra lista se nos enviar a tempo.
Os artigos de opinião que nos enviaram abordam na sua maioria a questão das eleições Legislativas. Temos o artigo humorístico, oposto à piada, da nossa amiga Maria Júlia que nos traz a questão sobre «A MORTE DO CHEFE DE ILUMINAÇÃO PERMANECE OBSCURA», pois como é que com este título chegamos à política?
O artigo de uma das nossas maiores apoiantes, Rosário Portugal, que nos traz o artigo de opinião «MAIS UMA MOEDINHA, MAIS UMA VOLTINHA» que nos leva a um realismo sobre a campanha política.
António Pinhas enviou-nos o artigo de opinião «BALÕES ELEITORAIS E CATOS REALISTAS» e também dá a sua perspetiva sobre as campanhas eleitorais de uma forma geral. Com o humor próprio do meu amigo Pinhas.
Fechamos, os artigos de opinião, com uma homenagem com que a nossa amiga Manuela Jones nos brindou. O único artigo de opinião que se afastou da política e que se aproximou de uma pessoa em específico. São os artigos “balsâmicos” (usando o termo de Rosário Portugal) escritos por Manuela Jones.
Muitos outros artigos, nas nossas diversas áreas, poderão ser explorados pelos nossos leitores.
Bom fim de semana e boas leituras;
José Augusto Gomes
Diretor do jornal digital O Ponney