Editorial 18/04/2025

EDITORIAL 18 04 25

PESSACH E PÁSCOA

A celebração mais antiga é da Pessach judaica que invoca o nome das festividades cristãs, também da cultura portuguesa, Páscoa. A celebração não tem o mesmo objetivo, mas podemos ver, se quisermos, um mesmo sentido.

A Pessach, de acordo com a Tora, teve a primeira celebração há 3.500 anos. Significando a palavra, em hebraico, “passar por cima ou passar sobre” e significa na tradição judaica a "Festa da Libertação". Curioso como em Abril também os judeus celebram a libertação da condição de escravidão. Faz lembrar alguma coisa? Não há aqui uma clara coincidência entre a cultura judaica e a portuguesa? Viajamos agora pelo deserto político?

Talvez acaso ou não, o certo é que já os cristãos celebram a Páscoa, ou Domingo da Ressurreição, como uma festividade religiosa que celebra a ressurreição de Jesus ocorrida no terceiro dia após sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento. Sendo considerada a principal celebração do ano litúrgico cristão e também a mais antiga e importante festa cristã pela crucificação de Jesus, lembrada hoje pela sexta-feira de cinzas. O significado maior é o da morte de Jesus para nossa salvação.

Crentes ou não, Jesus resolve sacrificar-se para nos salvar a todos.

Mas salvar de quê?
Salvar dos nossos erros, dos nossos vícios, das nossas más-atitudes. Ora se os judeus celebram no Domingo a “Festa da Libertação”, invocando a saída da sua condição de escravos no Egito; os cristãos celebram a sua possibilidade de salvação da condição de “escravos” dos pecados ou más-atitudes. Em Portugal, que somos um “caldeirão de culturas”, também celebramos a Libertação dada pela revolução de Abril.

Obviamente que não foi pensado por quem arquitetou o 25 de Abril em 1974. Mas por não ser pensado este facto é que me deixa surpreso por estarmos em perfeita sintonia. A Libertação, seja do outro que nos escraviza, seja de um certo tipo de escravatura que nos impomos quando cedemos às más-atitudes.

Apontar as más-atitudes, ou falha na ética, dos que nos governam não pode ser visto como ofensa à pessoa, mas tão somente dar oportunidade a que o outro, o eleito, que tem poder de decisão com consequências na comunidade, possa libertar-se dos seus pecados e seguir o caminho da correção. Ninguém é perfeito, mas temos sempre oportunidade de nos melhorarmos.

Com este pensamento iniciámos a nossa edição com o artigo «CANTONEIROS NÃO SÃO SAPADORES FLORESTAIS». Pois é importante sabermos quais as funções na comunidade. Caso contrário não há planeamento para evitarmos os incêndios e para preservar o pulmão da comunidade: os espaços verdes.

O artigo «NÃO É RATATOUILLE », com algum humor e brincando com o filme de animação “Ratatouille” onde um rato se torna num chef reportamos um perigo eminente em Coimbra. O principio do que pode ser uma praga de ratos.

Passamos para o artigo «ALUGA-SE “VERDADE” EM ESTADO VERIFICÁVEL» que traz a particularidade de fazer um relato de quem anda nas ruas e vê. Vê o que os turistas vêm sem explicações nem argumentos em defesa ou contra. Convém reflexão por quem tem o poder de votar.

Numa reflexão, agora estendida às questões internacionais, trazemos o artigo «SENHOR DOS ELÉTRICOS» para falarmos nas alterações à política europeia sobre a importação dos carros elétricos chineses. Nós, como portugueses, temos que estar atentos às decisões da União Europeia. Talvez começar a pensar que pode haver uma oportunidade económica para Portugal na ligação aos países de expressão portuguesa.

Fechamos os artigos de destaque com «ÁGUAS FAMILIARES» onde reportamos, não na nova app “@Coimbra”, um possível conflito de interesses. Convém que os intervenientes na política partidária tomem consciência que pisam a fronteira do que já não é ético...ou que é pecado.

Orgulha muito Coimbra a boa colocação das suas ginastas na Competição Europeia por Grupos de Idade (CEGI) 2025 de Ginástica Acrobática, realizada no Luxemburgo, uma boa notícia, talvez esquecida pelo Município, ou pelo menos não suficientemente valorizado. O desporto não se pode resumir à modalidade do futebol.

A cronista Maria Júlia, nossa amiga, continua a manter o humor nos seus relatos. Desta vez escolheu como título «DOIDICES À PARTE» para fazer-nos refletir sobre...Ah! Têm que ler o artigo.

Seguindo a sua aventura pelos sítios mais escondidos de Portugal, a nossa amiga e profícua articulista, Manuela Jones, brinda-nos com o seu texto « VALE DOS POLDROS » que, Manuela, considera como “UM PATRIMÓNIO ESQUECIDO QUE CLAMA POR UM RENASCIMENTO” em maiúsculas para invocar um grito.

Muitos outros artigos podem ler sem nada pagarem nem terem que apanhar com janelas de publicidade no nosso O Ponney.

Boas leituras e bom Domingo de Páscoa ou de Pessach, os dois festejos no sentido da Libertação e de Salvação

José Augusto Gomes
Diretor do jornal digital O Ponney