Editorial 25-06-2022
A geração despreocupada
O alerta fora dado timidamente.
Somente aqueles que com ela privaram puderam comprender a inquietação dos mais experimentados.
Urgente, uma palavra inexistente para a nova geração. O presente não os intimidara um só momento de reflexão, brevíssima. O agora perdera-se nas coisas mais simples.
O tempo deixa suas marcas sem visível sofrimento nas tenras carnes.
O “já faço”, “faço depois”, “já sei”, “já vou” ou “ouvi à primeira vez”: frases frequentemente pronunciadas pela nova geração despreocupada, apavoraram o devir que se aproximara a curtos passos.
A inquietação continuara e, nos dias que correm, observa-se ainda a herança de hábitos de procrastinação de uma adolescência sufocadamente apática.
Esqueceram-se os poetas, a arte, a riqueza fluída da sabedoria empírica, as cantigas que apaixonaram inúmeras gerações, oa clássicos, as epopeias, as rimas, as prosas...
A vida dera lugar a outras paixões, aventuras, posturas, atitudes, irreflexões, pensamentos, despreocupações, desprezos e uma enorme apatia em relação ao mundo real.
Urgente. A inquietação apoderara-se das multidões, os medos emergiram, as névoas ténues transformaram-se em tempestades.
O amanhã não nos pertencera para que nos venha atormentar dessa forma.
O fatum ditara as suas regras, as leis terrestres perderam todo o poder.
Resta-nos acreditar, acreditar despreocupadamente.
Autoria: Sofia Geirinhas
A poetisa de pé-descalço
Não respeita o AO 90
Cébazat, dia 26 de junho de 2022