Editorial 25/10/2024

EDITRIAL 25 10 2024

"OPTIMISTA" OU “CALA-TE”

Numa conversa com um amigo, que puxou uma polémica que eu tanto gosto, confesso sem arrependimento, trouxe um raciocínio que considero importante para o nosso dia-a-dia.

Então começou ele: -Não podemos ser pessimista, que raio!
- Então e otimista? - Perguntei eu.
- Sim, ‘otimista’ está melhor!
- Mas o otimista é um pessimista ao contrário! Se um pensa que vai sempre tudo correr bem, já o outro acredita que vai correr tudo mal. - Respondi eu com ares de “filósofo”, dos que não têm o doutoramento nessa área, mas que querem pensar sobre as coisas sem ideias feitas a atrapalharem.

Continuámos a conversar e fiquei a perceber que o objetivo da conversa, desse meu amigo, era o de me ir dizendo que não podia criticar tanto os diversos executivos da Câmara de Coimbra!
O discurso do otimista e do pessimista era, usado de forma errada (sem o verdadeiro significado das palavras), para defender quem cala, ou vira a cara ao erro de quem tem poder autárquico - esse era o “otimista”, já o “pessimista” era o que não se calava e apontava o erro, segundo as suas considerações afastadas do significado das palavras.

Ao longo da conversa fui entendendo que ele queria dizer que o “otimista”, para ele, era o que apregoava que a cidade onde vivia “era a melhor do mundo e tudo era perfeito”; que estava sempre de acordo e defendia com “unhas e dentes” o partido onde militava, o “seu partido” não cometia erros e nunca se poderia criticar porque, caso contrário, era dar “trunfos” aos adversários políticos. Para, esse meu amigo, o “otimista” era o que guardava para si os erros do que via, mas dizia que tudo era perfeito nem que tivesse que dobrar os argumentos para contrariar o que todos viam. Dizia ele que “os erros, considerados agora, eram grandes virtudes depois. Olha, cortar grandes árvores agora é permitir o progresso amanhã” e por aí ia.

Apesar da minha paixão pela verdade do que percebo, ouvi com a calma que se exige aos amigos. Depois disse que um ‘erro’ é sempre um erro e não depende do sítio onde o vês. Enquanto o ‘progresso’ (como melhoramento ou aperfeiçoamento) nunca poderia implicar um erro cometido conscientemente. Pegando no exemplo trazido: cortar árvores, num momento em que todos percebem da necessidade de cidades sustentáveis, era um erro grave e nunca poderia ser justificado por coisa alguma.

Quanto a defender a cidade, é natural que quem gosta muito da cidade onde vive deseja que haja progresso, no verdadeiro sentido da palavra tendo como significado ‘melhoramento e aperfeiçoamento’. Calar o erro de quem governa o Concelho (ou quem tem poder para mudar) é exatamente o contrário de quem ama a sua região, o seu partido ou qualquer outra coisa.

É exatamente esse o espírito filosófico de O Ponney, ou do Movimento de Humor. Nem sempre estamos certos, nem sempre estamos errados, mas usamos sempre o nosso direito de apontar que o “rei vá nu” quando vemos mesmo que ele vai evidentemente despido.

Com este espírito iniciamos com o artigo “O PÁTIO DAS EMPRESAS” onde apontamos o erro da política para trazer mais empresas para Coimbra como Concelho e como Distrito.

Depois de 3 anos de governo autárquico no Concelho de Coimbra e usando a mesma imagem de “Coimbra no divã”, acabamos por dar seguimento à ideia do presidente da Câmara de Coimbra com o artigo «QUEM DEVE ESTAR NO SOFÁ DO PSICÓLOGO?». Sob a forma de uma pergunta que deixamos que o leitor possa responder.

Sobre a polémica das questões do assédio nas universidades, mantendo no registo de O Ponney, é necessário que se aponte o erro para que haja correção ou que se prove que não é ‘erro’. Por isto trazemos o artigo «COIMBRA SEM BOA VENTURA?» onde os “embaixadores de Coimbra”, que são os imensos estudantes que vêm de diversos pontos de Portugal e do etrangeiro, possam levar a marca de Coimbra para mais longe, ou não!

Passamos para outra questão nacional, que também afeta Coimbra, é o caso da forma como está a ser preparado o TGV. O artigo «FOI VOCÊ QUE PEDIU ESTE TGV?» traz reflexão.

Sobre uma outra questão, levantada pelo nosso amigo Sancho Antunes e que O Ponney aprofundou um pouco mais, mas que pode mudar o desenvolvimento de Portugal é apontado no artigo «SEM FORMAÇÃO É QUEDA!». Um artigo de uma grande importância para que se cumpra a Lei e que é tão esquecida por sindicatos como por entidades empregadoras, mas a consequência, por não se cumprir a Lei, é termos trabalhadores cada vez mais desmotivados. Direito é justiça, não regalia!

Depois temos o famoso «RAID FIGUEIRA DA FOZ - LISBOA RECRIA PRIMEIRA PROVA DE AUTOMOBILISMO NA PENÍNSULA IBÉRICA», que não sendo em Coimbra é do Concelho e devemos ter orgulho do Distrito como um todo.

Temos o artigo de opinião de Mara Braga, minha esposa, que tendo dupla nacionalidade, Brasileira e Portuguesa, fala sobre a necessidade crescente de juntar cada vez mais estes dois países que têm em comum mais do que se imagina.

Depois temos um artigo de opinião escrito pelo meu amigo, António Pinhas, que me deu um gozo enorme a ler e que publico. Felizmente há mais gente que considera que o verbo ‘amar’ não pode ser confundido com ‘cegar’. Antes pelo contrário, amar é ter os olhos bem abertos e ver a realidade. Só se pode amar quando não se têm fantasias.

Lembro que é bom irem ao setor de O Ponney para aprenderem a fazer novos nós que dão muito jeito para muita coisa, inclusivamente para a sobrevivência. Um artigo de José Ligeiro.

Bom fim de semana e boas reflexões.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney