Editorial 30/05/2025
LEALDADE À RAZÃO
Na educação, na formação e nas academias, a fasquia baixa-se cada vez mais: seja para engordar números, seja sob o pretexto de inclusão e pelos casulos de fragilidade que é preciso resguardar. Nas relações interpessoais e sociais, o preceito soberano do “não julgamento” e o relativismo que nos vai afastando da noção de Verdade amolecem o critério e apagam a capacidade de discriminar. Essa falta, falha, de discriminar tem como consequência o não discernimento geral.
O respeito ao outro, apenas por consciência, passou a ser substituído pelo “respeito postiço”. Muitos dizem respeitar o outro, mas falha a certeza e a razão por que se respeita. E aqui há uma grande diferença na prática entre o aparente e o real.
A prática mostra que, a uma maioria, cai o respeito pelo outro quando a luta por justiça de um grupo vizinho interfere nos seus interesses. É certo que nem todos os interesses são prioritários, mas todos devem ter a merecida atenção e o evidente discernimento de cada um de nós. O de discriminar a igualdade de colocar tudo no mesmo saco difere muito da equidade de saber que cada um de nós é diferente e também há diferentes causas em cada grupo humano. Só o humanismo de paramos e analisarmos o outro com o coração e com a razão pode fazer avançar a nossa comunidade.
Foi o que nos levou a trazer o caso das greves dos motoristas dos transportes municipais de Coimbra. Por um lado, as greves, prejudicam o tempo de cada cidadão de Coimbra, por outro é uma causa que deve merecer a nossa atenção. Mas as greves são armas partidárias ou são lutas políticas (sem serem a favor de partido A ou B) que têm como missão melhorar o sistema de transportes em Coimbra?
Se os SMTUC não têm funcionado bem, então devemos analisar, como cidadãos, o capital mais importante: os trabalhadores.
Não havendo justiça laboral, para com quem trabalha, de que serve a Câmara de Coimbra investir em mais estrutura material? Sem gente consciente e com tratamento justo de pouco servem as coisas. Mas com gente que se ouve e se tem em conta para participarem nas melhores soluções, mesmo que falte o bem material, há sempre a melhor solução que aparece. Pois nós, portugueses, não é à toa que somos conhecidos por um povo de “desenrasque”. Basta saber ouvir quem anda no terreno e com equidade fazer justiça negociando com quem trabalha.
Esta foi a razão que nos levou a trazer o artigo «TRANSPARÊNCIA NAS GREVES DOS SMTUC».
O segundo artigo «HABITAÇÃO SOCIAL, EM COIMBRA, SEM CLAROS CRITÉRIOS» faz-nos refletir sobre a questão do apoio à habitação social e a consequência pela falta de critérios na gestão.
«CGD CONTRA QUEM A ALIMENTA» traz outro assunto que deve merecer a nossa reflexão política não partidária.
O artigo «POLÍTICOS QUE DEVEM IR À MÁQUINA DE LAVAR» traz um assunto que não é apenas um caso esporádico. O alerta vai muito mais longe quando estamos a permitir ou a abster a um crescimento de políticos jovens que crescem sem maturidade.
Se por um lado os eleitos têm menos qualidade, é necessário que os eleitores tenham mais consciência sobre a sua voz na alteração do rumo em queda livre de Portugal. Por isso também trazemos o assunto «RELAÇÕES COMERCIAIS E PENA DE MORTE» para podermos refletir.
Nos artigos de opinião temos a reflexão de uma grande amiga de O Ponney, Rosário Portugal, que revela uma mudança de opinião política quando se aproximou mais de uma realidade de onde outrora estava mais longe. Este artigo, na minha opinião, é fundamental para que possamos fazer uma reflexão sobre as opiniões que temos. Será que formamos as nossas opiniões apenas na nossa “bolha”?
A nossa amiga Palmira Inês, conimbricense dos sete costados sem ser coimbrinha, disserta sobre «PROCURAR A LÍNGUA MATERNA». Um artigo para estarmos mais próximo de uma outra perspetiva da realidade.
Manuela Jones, a nossa sempre presente amiga do jornal O Ponney traz-nos «“PRAIA DOS TESOS”, CADA VEZ MAIS PARA OS RICOS...EM MEMÓRIAS!», um conhecimento que se vai perdendo pela desconsideração às memórias, mas que tanto nos faltam para uma visão sobre a verdadeira Coimbra que não dança ao som da musica pop.
Fechamos o conjunto dos artigos de opinião com uma perspetiva diferente do que aqui defendemos. Escrito pelo nosso amigo Adriano Ferreira que com a sua visão em monóculo académico nos traz a «defensionem eorum qui potestatem habent». O contrabalanço necessário à democracia.
Mas temos um bom conjunto de informação para nos fazer pensar.
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José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney