Editorial 15-10-2022
As (a)trapalhadas deste País.
O brilho e o saracoteio dos políticos, da igreja, dos padres e de alguma sociedade.
“Não há de mais ruidoso – e que mais vivamente se saracoteie
com brilho de lantejoulas – do que a política.
Eça de Queirós.
Cada dia que passa, neste pequeno País, as notícias deixam-me triste e a pensar como foi possível que o Presidente da República, ministros, a igreja e padres, descessem tão baixo:
- O Presidente da República, como bom católico – pasme-se! -, veio a público desvalorizar os crimes de pedofilia cometidos por “homens” que deviam defender, e não praticar, os abusos. Homens (?) esses que, quando sobem ao púlpito, se julgam Deus, e, com língua afiada, estão sempre prontos a criticar e a ostracizar os outros.
Ora, nos tempos que correm – e, alguns, se arrastam de antanho, caem sobre a igreja Portuguesa as vergonhosas acusações que, talvez maledicentemente, enxovalham as suas cúpulas
Para mim, tal não é novidade, pois há muito que o sabia, e foi por essa razão que abandonei a igreja há mais de 50 anos.
Quanto aos ministros, são umas atrás das outras. Parece um circo só de “palhaços”.
Como é possível aceitarem os cargos sabendo de antemão que hoje, felizmente, tudo se sabe?
O ministro da saúde, eleito com pompa e circunstância, está ligado a uma empresa na área da saúde. Será que o Primeiro-Ministro [não] sabia?
A nossa lei é bem clara neste assunto.
É certo que o ministro já veio dizer que deixou de fazer parte do “negócio”. Infelizmente, porém, só depois de ter aceitado o cargo, o que me leva a pensar que…
Quanto à Igreja Portuguesa, precisa de uma barrela das antigas: muito sabão gordo, muita cinza e muita água a ferver, depois uma boa ensaboadela no Mondego até ficar branquinha.
Dificilmente, creio, a Igreja voltará a ter a credibilidade do passado, ainda que também ele cheio de “crimes” bem escondidos.
Quanto à sociedade, está cada dia mais parola. Fala-se, fala-se, e ninguém faz nada: é só garganta, ainda por cima desafinada.
E por Coimbra, fala-se, fala.se e fala-se…Os erros herdados persistem. Até nos tapa-buracos: um a trabalhar e cinco a ver.
E, na Académica/OAF, a coisa está mesmo preta, mais preta que a capa dos antigos futebolistas desta Instituição tão velhinha e tão maltratada; e, não raras vezes, mal-amada.
Pobre País.
Pobre Cidade.
Pobre Académica/OAF
Imagens: Claustros da Sé Velha e da igreja do Carmo
Maria Leonor Correia
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