AUTOMÓVEIS ELÉTRICOS - O QUE IMPLICA?

AUTOMOVEIS EL1

 

Com o argumento das medidas ambientalistas, os Governos mundiais procuram medidas para obrigarem os automobilistas a usarem apenas os automóveis elétricos.

Apesar das falhas de fornecimento de peças e dos microprocessadores; dos preços altos da energia; das autonomias das baterias (neste momento a autonomia ronda os 400 km para os elétricos contra os 700 km, média, dos automóveis a combustão); as incertezas macroeconómicas e pelas questões de se colocar mais poder nas mãos de um único país - a China. Também não podemos esquecer que a China é considerado o país que mais poluição provoca no mundo, o que acaba por levantar a questão se a passagem a veículos elétricos é uma medida bem estruturada para defender o ambiente mundial.

Em termos mundiais, a percentagem de automóveis elétricos vendidos saltou de 9% em 2021 para 14% em 2022. Se considerarmos todos os automóveis vendidos em 2022 (elétricos incluídos) constatamos que houve uma quebra de vendas de 3%. Em apenas 5 anos, de 2017 a 2022, as vendas mundiais de veículos elétricos passaram de 1 milhão para mais de 10 milhões anuais de unidades - o que sublinha a natureza exponencial do crescimento das vendas dos veículos elétricos.

A impulsionar esta tendência está sobretudo a Europa, que é o segundo maior mercado de veículos elétricos com a medida aprovada na UE e que vai proibir a venda de automóveis a combustão a partir de 2035, a que somam as pesadas multas por exceder a média legal de emissões dos modelos à venda.

Em Portugal, os elétricos representam 10,5% das vendas em 2022, quando em 2021 as vendas dos elétricos foram de 9%. No ano passado, dos 180 mil automóveis ligeiros matriculados em Portugal, apenas 18 mil eram elétricos. Tendo sido vendidos, em Portugal no ano de 2022, 17.817 automóveis elétricos, contra 138.000 automóveis com motor a combustão.

A que não deve ser estranho o facto de 54% dos trabalhadores por conta de outrem declaram uma remuneração base igual ou inferior a 800 euros por mês de acordo com os últimos dados de "Gestão de Remunerações" da Segurança Social. Tendo, naturalmente, grandes dificuldades de pagar os preços médios de automóveis elétricos. Para Carlos Tavares, CEO da empresa de comercialização de automóveis, Stellantis, é necessário “resolver o problema da acessibilidade”, de modo a garantir que a classe média tenha capacidade para adquirir veículos elétricos. O que não tem essa capacidade económica.

Para termos uma ideia, segundo dados da consultora Jato Dynamics, o preço médio de um veículo elétrico na Europa no primeiro semestre de 2022 foi de 55.821 euros, um valor que representa uma subida de 14% desde o valor médio registado em 2015, na ordem dos 48.942 euros. Na Europa um elétrico é em média 27% mais caro do que um carro a gasolina.

A Europa tem feito pouco progresso no que toca à redução dos preços dos veículos elétricos, aponta o estudo. Por este motivo, os compradores continuam ainda dependentes em larga medida dos subsídios governamentais. A redução no custo dos elétricos ainda não é expressiva no mercado europeu pois as fabricantes automóveis têm concentrado os seus esforços nos modelos premium ou em segmentos nos quais não existe tanta sensibilidade no que toca ao preço.

Para metade dos portugueses que contam apenas com um dos ordenados mais baixos da Europa, não conseguem chegar aos preços dos automóveis elétricos médios europeus o que faz com que, em Portugal, a compra dos automóveis elétricos não consiga arrancar muito além dos 10%.

Para além de metade da população portuguesa não chegar aos preços médios dos automóveis elétricos, ainda temos que considerar os impostos.

Afonso Arnaldo, fiscalista na Deloite, escreveu um artigo na revista da ACP em que diz: «A receita fiscal total com o sector automóvel em Portugal terá rondado os 6 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 10% do total da receita fiscal portuguesa.»

Mais à frente no artigo publicado na revista da ACP refere o seguinte: «Será legítimo afirmar que, a manterem-se as atuais regras fiscais em vigor (as quais visam, e bem, promover a aquisição de viaturas elétricas e híbridas plug-in) mais de metade da receita fiscal encontra-se em risco (considerando que a maior parte provém de viaturas a combustão).»

Como a obrigatoriedade para se fazer a passagem dos motores a combustão para os elétricos vai reduzir as receitas fiscais, até porque os apoios à compra de carros elétricos tem que ser mantida, o que o Governo decidiu foi que então era necessário taxar com mais impostos os utilizadores que não têm dinheiro para comprar um automóvel elétrico e que ainda mantêm os seus velhos carros a combustão.

A grosso modo está-se a obrigar, os que não conseguem pagar o preço dos carros elétricos, a pagarem ajudas para quem os compra. A tirar de quem tem menos para dar a quem tem mais!

Se não vejamos as contas: um utilitário de gama baixa a gasolina, que este ano pagou cerca de 19 euros de IUC, passará a pagar quase 97 euros. É uma subida de 400%. Mas só será sentida na totalidade em 2027. Vai ser uma subida faseada graças a uma norma travão.
«Aquilo que a norma indica é que não pode existir por ano um aumento superior a 25 euros» - explica Afonso Arnaldo.

No caso de um veículo a gasóleo com 1995 de cilindrada, que este ano pagou 45 euros de imposto, passará a pagar 231 euros daqui a sete anos. São mais 430%.
O ministro das Finanças alega que são apenas mais 25 euros por ano, dois euros por mês. «Vai afetar principalmente as pessoas que têm menos posses, porque se pudessem comprar um carro novo compravam» - explica o fiscalista Afonso Arnaldo.

Já o governo britânco vai adiar a proibição de automóveis novos com motores a gasolina e a gasóleo de 2030 para 2035, confirmou o Primeiro-ministro Rishi Sunak que afirma: « Estou confiante de que podemos adotar uma abordagem mais pragmática, proporcionada e realista para atingir as “zero emissões”»

Comparando com as medidas do Reino Unido, Portugal está a exigir mais aos contribuintes que podem menos destruindo a pouco e pouco a classe média que é quem mais paga impostos.

A Europa, pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anda ainda preocupada com outra questão. Pois iniciou uma investigação contra as subvenções para os automóveis elétricos provenientes da China. «Olhem para o sector dos veículos elétricos. É uma indústria crucial para a uma economia ecológica, com um grande potencial para a Europa. Mas os mercados globais estão hoje inundados por carros elétricos chineses que são mais baratos. E os seus preços mantêm-se artificialmente baixos através da subvenção estatais gigantescas provenientes da China.» Segundo von der Leyen os subsidios para baixar o preço na venda dos automóveis elétricos estão a “distorcer” o mercado.

A UE está a ponderar os combustíveis sustentáveis como solução para emissões neutras como é o caso do sistema a hidrogénio como possível solução.

AF