BANCO INGLÊS ENVERGONHA CLIENTES

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Nem sempre as asneiras falam português, pois à semelhança do que faz a Spotify (plataforma de música que faz retrospetiva das músicas ouvidas) o banco on-line inglês Monzo decidiu usar o mesmo sistema e colocar uma lista onde os clientes gastam mais dinheiro. Só que a coisa correu muito mal.

O banco inglês, Monzo, decidiu montar um pequeno resumo personalizado para cada um dos seus clientes. Um divertido boletim em que o banco online analisa os dados de pagamento dos seus clientes para lhes dizer onde e quando gastaram mais dinheiro em 2023, mas também os detalhes das suas poupanças.

Os resultados agregados permitiriam destacar um pico de gastos nos cinemas no dia da data de estreia do filme Barbie , mas também para sublinhar o altíssimo índice de transações noturnas em bares e espaços nada recomendado para cristãos. Só que, de acordo com os comentários deixados nas redes sociais, alguns clientes teriam passado bem sem estas revelações. Na realidade odiaram o novo serviço do banco on-line.

Ao compartilhar os resultados em retrospetiva de gastos, muitos cibernautas ficaram incomodados com as conclusões tiradas pelo banco online e chegaram a desabafar na rede social X (antigo Twitter): « Por que é que o banco Monzo acha que preciso de um resumo de todos os meus hábitos de que não me orgulho? », resmungou um cliente inglês ao saber que boa parte do dinheiro ganho havia sido desperdiçado em bares e outras despesas de luxo e luxúria.

Assim como esse cliente, dezenas de outros ficaram embasbacados com a imagem transmitida pelo resumo de seus gastos. Muitos dos clientes descobriram que estavam entre os 5% dos clientes que mais gastavam nas máquinas de vendas automáticas de bebidas e comida de plástico.

Uma cliente afirmou com algum humor britânico que « Foi certamente a coisa mais triste que o Monzo Bank me tinha dito. É mesmo muito triste». «Obrigada Monzo por me teres mostrado a minha futilidade! » concluiu ironicamente a cliente inglesa.

Um jovem americano, por sua vez, não achou piada nenhuma ter percebido que estava no topo de classificações por ter chamado mais vezes a transportadora de comida da McDonald's. «Quem decidiu deixar o Monzo Bank desenhar a minha retrospetiva de gastos? Simplesmente chamaram-me de gordo sem motivo», reclamou no dia 25 de Dezembro na rede social X.

Se estas reações negativas não são necessariamente representativas dos 7 milhões de clientes da Monzo Bank, dizem muito sobre os limites das retrospetivas personalizadas que é o novo sistema favorito das novas empresas.

Um professor de marketing da Universidade da Califórnia-Berkeley considerou que as retrospetivas só têm interesse se « as marcas em questão tiverem valores ou afetos positivos a transmitir ». « Os jovens, em particular, gostam de promover o consumo responsável », observou o especialista.

Por outro lado, atos de compra poluentes ou anti-éticos não deixam realmente os consumidores orgulhosos das suas ações. « É difícil imaginar o UberEat a lembrar todas as vezes que não tivemos forças para nos levantarmos do sofá », brincou o especialista. Parece que Monzo caiu nesta armadilha!

Para Patrice Bernard, consultor financeiro e autor do blog “Não foi minha ideia”, o erro do banco online deve-se à dificuldade do seu assunto: o dinheiro.

« Estas manifestações refletem a imensa diversidade de sentimentos dos consumidores em relação ao seu dinheiro, multiplicados quando são confrontados com o seu comportamento e as suas contradições nesta área », nota o consultor financeiro francês.

O acidente de Monzo Bank também demonstra o aumento da lucidez dos clientes, por serem capazes de discernir o correto gasto da despesa errada. «Este é um alerta para todo o setor financeiro sobre o perigo de ver todos os clientes como um grupo homogéneo, onde os esforços de personalização servem apenas para fins de marketing », lembrou Bernard. Sem falar no tema quente dos dados pessoais , já que cada retrospetiva desse tipo relembra a colossal quantidade de dados coletados pelas gigantes da tecnologia. Para os bancos on-line a questão surge com ainda mais urgência porque os dados financeiros continuam a ser considerados dados sensíveis.

Para já, o Monzo Bank não parece particularmente preocupado com a polémica decorrente deste seu sistema.
A piada está que o banco on-line afirmou aos que reclamaram este sistema «Lamentamos saber que não gostem de verificar onde gastou o seu dinheiro no ano de 2023, esta é a era Monzo, mas não podemos “maquilhar” os seus resultados», diz o site. Contrariando as polémicas, o Monzo Bank conta mesmo com a sua iniciativa de fim de ano para recrutar novos clientes em 2024 - «Comece a gastar e a poupar no Monzo Bank repescarem no próximo ano», incentiva o banco on-line.

No caso português acreditamos que a falta de dinheiro nos impeça, um pouco mais, de esturricar em parvoíces. Isto diz O Ponney.

AF