CRIMES CONTRA A SUSTENTABILIDADE
Três fábricas de medicamentos chinesas com capital investido por bancos internacionais, como o UBS/Credit Suisse e o HSBC como grandes investidores, usaram partes de animais ameaçados de extinção como principais ingredientes nos seus produtos, foi denunciado por um grupo ambientalista.
Num relatório publicado na segunda-feira, a Agência de Investigação Ambiental, com sede em Londres, aconselhou os investidores internacionais, com capital nas três empresas – grupo Beijing Tong Ren Tang 600085.SS; grupo farmacêutico Tianjin 600329.SS e o grupo farmacêutico Jilin Aodong 000623.SZ – a entregarem as suas participações.
As três grandes empresas farmacêuticas estão referenciadas numa lista de 72 em que a organização não governamental (ONG) com a área ambiental sem fins lucrativos disse que usavam partes do corpo de leopardos e pangolins, que estão ameaçados como espécies no planeta, como ingredientes em pelo menos 88 produtos da medicina tradicional chinesa (MTC).
A ONG (EIA, na sigla em inglês) na defesa do ambiente disse que se concentrou nas empresas farmacêuticas porque estas são cotadas publicamente e exibem produtos que incluem partes de leopardo ou pangolim nos seus sites. A situação é publica e não teve a intervenção das autoridades chinesas.
Os produtos MTC são conhecidos por usar uma ampla variedade de partes de animais como ingredientes, e os fabricantes muitas vezes elogiam publicamente a eficácia de tais ingredientes e listam-nos nas embalagens de seus produtos.
“É particularmente dececionante ver tantos grandes bancos e instituições financeiras a apoiarem efetivamente esta exploração prejudicial”, disse Avinash Basker, especialista jurídico e político da EIA ( https://eia-international.org/ ), num comunicado à imprensa.
“Os investidores internacionais necessitam de retirar os seus investimentos aos fabricantes de MTC que usam espécies ameaçadas o mais rápido possível.” A fim de pararem os crimes contra espécies em vias de extinção.
O Beijing Tong Ren Tang e o grupo Tianjin Pharmaceutical não responderam a vários e-mails e ligações da Reuters pedindo comentários. O Jilin Aodong Pharmaceutical Group não foi encontrado para comentar.
A ONG- EIA disse que 62 instituições financeiras investiram uma quantia não especificada, que temos desconhecimento, em pelo menos uma das três empresas, e incluem UBS UBSG.S, Deutsche Bank DBKGn.DE, HSBC Holdings HSBA.L, Citigroup CN e BlackRock BLK.N.
Estes bancos internacionais ou desconheciam onde investiam o seu capital ou apenas olhavam os lucros que traziam estas empresas chinesas.
Alguns investidores, incluindo Wells Fargo & Co WFC.N, afirmaram a venda dos fundos de investimento nas empresas de medicina tradicional chinesa ou venderam suas ações destas empresas, disse a agência internacional.
O HSBC Global Asset Management Canada e o Royal Bank of Canada disseram à agência que os seus investimentos nas empresas estavam limitados a fundos passivos ou rastreadores, enquanto o UBS disse à agência que as suas participações eram detidas em nome de clientes.
O grupo ambientalista disse que Deutsche Bank, HSBC Holdings, Citigroup e BlackRock não responderam às suas perguntas.
Citigroup, Deutsche Bank e BlackRock se recusaram a comentar quando questionados pela Reuters.
O grupo ativista pediu explicações ao governo chinês a proibir a utilização de partes de animais ameaçados de extinção para todos os fins comerciais nos seus mercados internos.
A Administração Nacional de Produtos Médicos da China não respondeu ao pedido de comentários da Reuters.
A lei que já foi alterada e que previa a Proteção da Vida Selvagem da China, que entrou em vigor em Maio, proíbe o comércio da maioria dos animais selvagens para consumo como alimento, mas as permissões para reprodução e utilização ainda podem ser emitidas em determinadas circunstâncias.
O que, de certa forma, permite, alegadamente, o crime contra espécies animais em vias de extinção.
AF