UM OUTRO FILME
Nikolaus “Klaus” Barbie foi um oficial nazi conhecido como "carniceiro de Lyon".
Nascido em finais de Outubro de 1913 na Alemanha, recrutado para a SS no dia 26 de Setembro de 1935, enviado em 1940 para Haia, onde foi responsável por capturar os refugiados políticos alemães nos Países Baixos e exterminar os judeus. Foi, precisamente, para fugir de Barbie que a menina Anne Frank se viu obrigada a viver escondida durante meses em Amesterdão. Em 1942 foi enviado para Dijon e, no mês de Novembro do mesmo ano, para Lyon, onde assumiu a direção da Gestapo, ganhando merecidamente a alcunha de “carniceiro de Lyon” dado a sua crueldade desumana.
Barbie, quando a segunda guerra mundial terminou, também, tal como o filme da boneca, saiu do seu mundo ariano “cor-de-rosa” para encarar a realidade de que o que fazia eram atos cobardes, desumanos e cruéis contrariamente ao que a Alemanha considerava como atos de heroísmo e por isso fugiu sem encarar a Justiça. Nem a sua função militar poderia justificar tais atos. Os testemunhos deixados por algumas das suas vítimas não deixam quaisquer dúvidas sobre a crueldade e o prazer com que executava os atos de tortura.
No mês de Setembro de 1944, Barbie, foi diagnosticado com uma doença venérea e foi para um hospital na Alemanha coincidindo com o fim da ocupação nazi em França. A maldade de Barbie é demonstrada pela sua ordem à Gestapo dada durante a viagem em direção ao hospital para assassinar todos os 70 prisioneiros deixados na prisão de Montluc para não testemunharem as suas muitas crueldades.
Depois de se recuperar da sua doença, Barbie saiu do hospital e o seu paradeiro permaneceu desconhecido durante 40 anos.
Hoje, sabe-se que Barbie tornou-se agente do Serviço Secreto norte-americano em 1947. A instituição americana, que recrutou Barbie e ajudou-o a fugir ao julgamento internacional no final dos anos quarenta, é a United States Secret Service ou simplesmente Secret Service, é uma agência federal dos Estados Unidos de reforço à lei sob o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos. Mais tarde o Governo dos EUA pediu desculpas oficialmente à França por estas ações.
Na altura os Estados Unidos da América, pelos Serviços Secretos, ajudaram a sua fuga para se instalar na Bolívia, colocando as suas competências ao serviço da ditadura do General Luis García Meza. Naturalizado boliviano em Outubro de 1957, sob o falso sobrenome de Altmann, começa a aumentar o seu património. No ano de 1966, Barbie começa a lidar com armamento naval e com o apoio do general-presidente Barrientos cria a Transmaritima Boliviana, uma sociedade da qual passa a possuir 49% das ações (os 51% restantes pertencem ao Estado).
O desplante foi tal que chegou a dispor de um passaporte diplomático que o permitiu deslocar-se à Europa, sob o nome de Klaus Altmann para negociar a compra de veículos militares destinados a reprimir as manifestações da oposição a Luis García Meza.
Só em 1983, após a reposição da democracia na Bolívia, é que foi extraditado para França, onde em 1987, foi dado início ao seu julgamento na cidade de Lyon. Foi acusado de 177 crimes contra a humanidade e condenado à prisão perpétua.
Barbie morreu de leucemia na prisão de Lyon em 25 de Setembro de 1991, 4 anos depois do pronunciamento de sua sentença e com 77 anos (em finais de Outubro completava os 78 anos).
Um outro filme, onde a figura principal também não é humana, tendo o mesmo nome da boneca Barbie, “vive” num mundo ilusório, acabando por encarar a realidade, mas, tal como a boneca, tem apoio dos Estados Unidos da América sendo enviado para os países menos desenvolvidos tendo em vista fins económicos e protegendo um mundo irreal.
A ligação de mundos irreais onde os seus personagens “vivem” num sistema fictício deve fazer-nos pensar criticamente no mundo que nos envolve.
AG