Como eu te sinto!...

Leonid-Afremov10.jpg

[…

Sinto-te perto de mim enquanto acorre o anoitecer de mansinho. Sinto-te. O teu atrair, a tua chama que me afogueia, o teu sorriso de través e maroto, a tua rima que me coloca entre os socalcos que os xistos das vinhas embelezam com belezas e suores e abrigos.

[Haveria eu de ser mais feliz?...]

Isso, sinto-te. Por entre as águas tranquilas do tejo ou do d´ouro ou do paiva ou sei lá de mais quantos, tantos quantos me convençam que a água segue correndo através deles para o mar… Sinto-te. E é no meu sentir, já lá junto à areia da praia da foz, que eu mais sinto que te sinto!...

Não sei como dar vida a isto, mas haverá de encontrar-se forma palpável para dar-se forma. Uma daquelas formas mesmo concretas com sentido e sorriso e felicidade. Uma solução. Uma que nos encaminhe para o mar que pretendo que nos banhe, para um gingar definitiva de aprazimento, ou para um singelo e refrescante mergulho na herdade pertença das lágrimas do sol nascente.

Faz-se tarde. E anoitece uma vez mais entre tantos de todos os dias em que te sinto.

…]

© Luís Gil Torga

(O Autor não respeita o AO90)

(Pintura de Afremov)