CRESCER COM CORAGEM

MANUELA9

 

Este mês foi um Novembro cheio de chuva mas com muitas   pessoas que eu adoro e  festejaram mais um aniversário. Um deles foi o meu irmão adotivo e diretor deste jornal e da sua maravilhosa esposa, Mara, a que dedico este humilde texto.

Avançaram mais um ano na sua história de vida e no calendário mais uma cruz foi marcada. Eu fui uma dessas pessoas e eles também.

Olhando para trás, percebes que cada aniversário foi uma experiência única e que o tempo não para de passar. A infância parece tão distante agora, o desejo de crescer e ir para a escola substituído pela nostalgia desses momentos inocentes. A adolescência, com a ânsia de ser adulto, de ter 18 anos e ser livre de responsabilidades, parece tão ingénua agora.

Aos vinte anos, achavas que era a idade ideal para parar de envelhecer. Tens o corpo e a beleza perfeita, mas logo descobriste que o crescimento não pára, as responsabilidades só aumentam. Perdes amigos pelo caminho, mas também fazes novas amizades e aprendes a amar alguém que poderá compartilhar a tua vida. Essa partilha requer esforço e adaptação, mas é gratificante.

Outras são traumatizantes e fazem-te querer recuar. Vais caindo,  mas vais-te levantando e tentando seguir em frente na sinuosa estrada da vida.

Vais gerar mais vidas. 

Ou simplesmente decides que não estás preparada para essa responsabilidade. E continuas a festejar cada dia e cada ano que passa. 

No espelho, vês que tua imagem mudou ao longo dos anos, mas está mais bonita, de uma forma diferente. A tua elegância é agora mais madura, teu discurso mais rico, teu conhecimento mais vasto. Tens a consciência de que estás diferente, mais tolerante. E quando vês os mais velhos partirem à tua frente, começas a pensar na morte.

Enquanto eras jovem, nunca pensaste na finitude da vida. Mas agora o cerco aperta, e não podes evitar o envelhecimento. Tornas-te mais vulnerável, mais dependente, e procuras carinho, atenção e amor. Por vezes, o amor que dedicaste não teve o retorno desejado, e isso pesa na solidão. No entanto, nunca deixas de sorrir e fazer os outros felizes.

Na solidão, procuras alternativas para preencher o vazio. Mas teu corpo já não tem a desenvoltura de antes, e pedes mais uma vez para parar de crescer! 

Resta-te a experiência adquirida ao longo da vida, os amores vividos (ou não), e a consciência de que chegaste ao limite humano. Agora, só pensas na marca que podes deixar e no próximo passo, na possibilidade de partir para uma nova dimensão.

 Talvez um dia possamos recomeçar tudo de novo, e afinal o facto de festejar cada ano de vida, é realmente gratificante. Crescer afinal, foi necessário para poderes aprender e transmitires o teu conhecimento.

Só temos que agradecer e desejar continuar esse crescimento.

O corpo é matéria e desaparece em pó, mas a tua marca, essa ficará gravada na pedra e naqueles que te amaram e lhe deixaste a herança do amor e do conhecimento.

 

Manuela Jones