EUA SOFREGA, EUROPA CEGA E MUDA E PORTUGAL A DORMIR
Será que as relações internacionais dos EUA; da União Europeia e de Portugal andam a dormir? Pois assim parece que sim depois de ouvirmos a palestra de Jeffrey Sachs.
Numa das últimas conferências, feitas no Parlamento Europeu, pelo reconhecido economista e conselheiro internacional, Jeffrey David Sachs, fez duras críticas à política externa dos Estados Unidos acusando de desejo imperial e defendeu uma maior autonomia da Europa em relação à influência americana.
Mas quem é Jeffrey Sachs ?
É um economista norte-americano liberal, conhecido pelo seu trabalho como conselheiro económico de diversos governos, da Bolívia e alguns dos países que faziam a transição de uma economia planificada no fim da Guerra Fria para o regime capitalista como a Polônia, Estônia e a Eslovênia e na Rússia após o fim União Soviética.
Com provas dadas do que está a dizer.
A realidade é que durante o discurso no Parlamento Europeu, o economista norte-americano, afirmou que o Ocidente, em especial os Estados Unidos e o Reino Unido, impediram um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia em 2022, quando as negociações estavam a ser conduzidas em Istambul.
De acordo com Sachs, os EUA ordenou que Kiev não assinasse o acordo, alegando que isso prejudicaria a hegemonia ocidental. Segundo a sua opinião de perito, "a guerra tornou-se apenas por procuração, com os ucranianos a serem usados como peças de um jogo geopolítico. Enquanto os verdadeiros interesses estavam na manutenção do poder global dos EUA."
O economista, que tem um histórico de participação em programas de transformação económica em países pós-soviéticos, acusou as autoridades americanas de travarem uma guerra indireta contra a Rússia. Estando a Ucrânia a pagar o preço mais alto. Em vidas, bens e terror.
Sachs contou que, ainda em 2022, um grupo de economistas emitiu um documento recomendando que o conflito fosse imediatamente negociado, já que sua continuidade não traria benefícios para a Ucrânia. "Desde que os EUA se recusaram a negociar, cerca de um milhão de ucranianos foram mortos ou gravemente feridos", afirmou Sachs. "Os senadores americanos, cínicos e corruptos, veem isso como um gasto maravilhoso do nosso dinheiro, já que nenhum americano está a morrer."
No seu relato, Sachs também compartilhou detalhes das negociações de paz realizadas em Ancara, na Turquia, onde ele participou ativamente nas conversas entre os dois países beligerantes. Segundo ele, o presidente russo, Vladimir Putin, havia aprovado um acordo de paz nas conversações, mas, após pressão dos EUA e do então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a Ucrânia decidiu retirar-se das negociações. "Boris Johnson explicou que, na época, o que estava em jogo não era a Ucrânia, mas a hegemonia ocidental", disse Sachs, criticando a posição da Inglaterra e dos EUA.
As negociações entre a Rússia e a Ucrânia começaram oficialmente em 29 de Março de 2022, em Istambul, com a participação de ministros das Relações Exteriores das duas partes, Sergey Lavrov e Dmitry Kuleba. Relatos da comunicação social indicam que as duas nações estavam próximas de um acordo, com a Ucrânia concordando com a neutralidade e com a “não aliança”.
Além de se comprometer com a desmilitarização, enquanto a Rússia oferecia garantias de segurança. Esperava-se que os presidentes dos dois países se encontrassem para discutir os pontos restantes, como a limitação das forças armadas ucranianas. Porém a reunião não ocorreu como esperado e as negociações foram interrompidas unilateralmente pela Ucrânia por jogada dos EUA.
No fundo foi o que aconteceu aos EUA nos anos sessenta, quando a URSS colocou misseis em Cuba. Agora está a acontecer algo ao contrário: os EUA avançaram com misseis para as portas da Rússia.
A conversa entre a Secretária Adjunta de Estado, Victoria Nuland e o Embaixador dos EUA, Geoffrey Pyatt, onde Nuland diz mesmo “a UE que se foda!” Demonstra o interesse dos EUA na manutenção da guerra.
Sachs concluiu, sua palestra no Parlamento Europeu, com o sublinhar de que a recusa em avançar com o acordo de paz foi um erro estratégico e humanitário, que resultou em sofrimento e perda de vidas de milhares de ucranianos, tudo em nome de interesses geopolíticos dos EUA e da Inglaterra.
Sublinhando a sua palestra com a frase atribuída a Henry Kissinger « Ser inimigo dos EUA é perigoso, mas ser amigo é fatal!»
A Europa tem que ter uma política internacional e uma voz forte. Caso contrário colabora com a ambição desmedida dos EUA.
Por outro lado, Portugal, que tem todas as razões para formar uma Comunidade de Países Lusófonos que permita fazer crescer a economia destes países para poderem estar livres de pressão dos EUA, Rússia ou China, parece que adormeceu completamente.
Para ouvirem a palestra: https://www.youtube.com/watch?v=dMB5y8297Oc&list=LL&index=7
Marcelo Gomes