HÁ GENTE QUE DESILUDE OS OUTROS

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Tenho o condão de fazer circular a comunicação não só entre amigos e os mais chegados mas, também, junto dos que vou encontrando nos caminhos da minha vida.

Ainda agora, aquando da estada no Alentejo, travei conversa com um caçador da zona, trabalhador da Câmara Municipal do Alandroal. Gente boa, de coração aberto e dada a diálogos. Falou-me da sua criação de abelhas e das colmeias. De tudo um pouco, desde a agricultura, passando pela caça ao javali, lebres e perdizes, até manobrar máquinas.

Mas é desta cepa de pessoal que gosto de incitar a trocar palavras. Fico mais cheio de conhecimentos, de ensinamentos e de discursos sem o peso da propaganda política, sem o palavreado barato dos políticos e sem existir medição de conteúdos, porque são genuínos e puros, como a cristalina água que, e ali ao lado, corria no regato da aldeia.

Mas há gente, que se tem cruzado comigo, que por atitudes, desafectos, faladuras azedas e por espalhar tormentas, recorrendo a mentiras, a construções sem substracto de realidades, a deslealdades, a botar abaixo os outros, a zurzir cobras e lagartos nos que lhe são próximos, assim como anda a semear discórdias e a apalavrar-se de figuras de estilo – alegorias e outras – para deitar benzeduras de mau olhado, como dizia a feiticeira dos contos da minha avó paterna, a Constança, que maltrata os outros.

Mas há gente, que se tem avistado comigo, nestes mais de 60 anos de discernimento, que coloca a pinha e a acendalha, para raspar o fósforo na caixa, deitando o fogo a tudo que lhes possa criar urticária, principalmente aos que se mostrem capazes de se fazer à vida, que se manifestem por bem e que se dediquem a querer a paz, pelo menos a de espírito, o de si próprio e dos outros.

Mas há gente, que tem passado pela minha vida, que só está bem a quebrar os galhos entre pessoas, de família e de amigos; a amarrotar os laços de união; a flagelar, como se fez a Cristo, os outros, açoitando-os, de longe, pelas costas, como é seu lugar comum, com zagaias de um dicionário impróprio para se consultar.

Mas há gente, que tem olhado para mim, que se esconde nos recados que dá, a este ou àquela, por entre as veredas da vida, para dividir, tentando reinar.

Há gente que passa o tempo a intrigar e a ciumentar. Há gente que cozinha guerras entre o seio onde vive. Há gente que inveja os outros, que contabiliza o que tem, este e aquele, e se morde por dentro e que tenta somar as benfeitorias que o(s) outro(s) recebeu(ram).

É gente menor e fraca que tem a crueldade nas entranhas do seu ser. É gente que precisa de um curso de boas maneiras e de relações humanas. É gente que tem de voltar cá para aprender (alguns devem saber do que falo…)… e que tem de saber amar, porque amar é que dá felicidade. É gente que tem de saber respeitar, sem amesquinhar e/ou humilhar, os outros.

Ser gente, a sério, é ter alma dócil para servir com dedicação a nossa vida, a dos que nos são queridos e a dos que não conhecemos. Ser gente, a sério, é ter coração puro e alma que sabe pulverizar, cada um e todos, com AMOR.

Por isso, há gente que desilude, por palavras, actos e omissões, os outros. Tanta desilusão…tanta machadada…tanta inveja que derrete a vida, a de certa gentinha que vomita ódios e semeia rancores. Que nos livremos dela, dessa gentinha… Mas a saibamos amar.

António Barreiros