IDOSOS E COMPUTADORES

MANUELA JONES50

 

A modernização e o avanço tecnológico trouxeram inúmeros benefícios para a sociedade, mas deixaram uma parcela significativa da população desamparada: os idosos.

Portugal, como muitos outros países europeus, enfrenta um problema de envelhecimento populacional. Os nossos idosos, que cresceram e viveram numa era pré-digital, encontram-se agora num mundo onde quase tudo é tratado pela Internet.

Este contraste entre o passado e o presente, criou um desajuste significativo que exige atenção.Os nossos idosos estão acostumados a resolver os seus assuntos de forma pessoal e direta. Para muitos, ir ao banco, ao correio, ou a uma repartição pública faz parte da rotina e proporciona uma oportunidade de interação social.

Com a digitalização, estas interações foram substituídas por plataformas eletrónicas, que, para muitos, são desconcertantes e inacessíveis. Eles não têm a mesma familiaridade com computadores, smartphones, ou a Internet que as gerações mais novas possuem. Há exceções à regra é certo, mas não é comum.

Além disso, muitas vezes, ao ligarem para um serviço, deparam-se com respostas automatizadas, menus eletrónicos complicados e falta de apoio humano. Este cenário é desanimador para quem já tem dificuldades auditivas, visuais, ou cognitivas. A falta de interação humana cria um sentimento de isolamento e frustração, agravando ainda mais a sensação de abandono. A sociedade moderna não parece ter levado em consideração que os idosos podem não ter a capacidade ou os recursos para acompanhar este ritmo acelerado de mudança. Muitos não têm acesso à Internet ou dispositivos modernos.

Mesmo aqueles que possuem tais tecnologias muitas vezes não têm o conhecimento necessário para usá-las eficazmente. E quem irá ajudá-los se, ao procurarem assistência, se são recebidos por máquinas? A ausência de familiares ou cuidadores agrava esta situação, deixando muitos idosos sem qualquer tipo de suporte.

Portanto, é crucial que a sociedade desenvolva soluções inclusivas para garantir que os idosos não sejam deixados para trás. Algumas possíveis soluções incluem:
A Criação de centros comunitários onde os idosos possam receber ajuda para realizar tarefas online.

Nestes centros, eles poderiam contar com o apoio de voluntários ou profissionais treinados para orientá-los no uso de tecnologias digitais.

Empresas e instituições públicas deveriam garantir que sempre haja a opção de atendimento humano, seja por telefone ou presencial, para aqueles que não conseguem lidar com sistemas automatizados. Deveria haver também programas de formação específicos para idosos, onde possam aprender a usar computadores e a navegar na Internet de forma segura e eficiente. Estas aulas deveriam ser adaptadas ao ritmo e às necessidades desta faixa etária.

Incentivar também as famílias a envolverem os seus familiares mais velhos em atividades tecnológicas, oferecendo-lhes paciência e apoio contínuo.

Os nossos políticos e mesmo as nossas políticas, devem ser revistas para assegurarem que os serviços essenciais, como saúde e segurança social, estejam acessíveis de maneira não digital para aqueles que necessitam.

Finalmente, é fundamental que a sociedade reconheça e valorize as contribuições que os idosos fizeram ao longo das suas vidas. Eles trabalharam arduamente e contribuíram para o desenvolvimento da sociedade. Agora, é nossa responsabilidade garantir que tenham uma qualidade de vida digna, com acesso a todos os serviços de que necessitam. Ignorar as suas necessidades é um erro grave que deve ser corrigido através de uma abordagem mais inclusiva e humanizada na prestação de serviços.

Manuela Jones