MANIFESTO DO MEU EU
Eu sou, por definição, um individualista. Tenho as maiores dificuldades em me submeter às directrizes das "massas" ou mesmo às imposições do Estado. Quando umas ou outro me dizem "faz isto" , "deves fazer isto", "imponho-te isto", eu tenho uma imensa vontade de "fazer aquilo".
Identifico o "homem-massa" como o "invertebrado", como o "submisso", como a "ovelha Branca" e bem-comportada. Insensivelmente, apetece-me, em termos espontâneos, creio que inconscientes, apetece-me fazer o contrário do que se estatui.
Na minha quase-juventude, tive militância partidária. Durou até ao dia em que me falaram na obrigatoriedade de observar a "obediência partidária". Era muito jovem, mas o dito partido em que efemeramente militei, nunca mais contou incondicionalmente comigo. Por uma razão elementar: ninguém pode contar incondicionalmente comigo, sem me explicar muito detalhadamente a razão desta ou daquela decisão. E se eu não concordar, não há forças no Céu ou na Terra que me obriguem a secundar o decidido.
Por essa razão, eu nunca fui Presidente de nada (com excepção do que se inseriu em funções estritamente profissionais).
Há quem me qualifique de rebelde. Eu discordo. O que sou, verdadeiramente, é um EU. E este Eu não se verga nem a posições sociais, nem a dinheiro, nem a cargos, nem a comodidades, nem sequer a afeições familiares ou domésticas. Só se verga a si-mesmo.
Amadeu Homem