MOÇAMBIQUE: A ESTRANHA MORTE DO CEMGFA
O último Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas de Moçambique, promovido pelo Presidente da República Filipe Nyusi, antes da nomeação para esse alto cargo militar, a General, não aqueceu o lugar.
Nomeado a 14 de Janeiro deste ano, acabou por falecer a 2 de Fevereiro último. Menos de 1 mês de prefazer o cargo, o Ministério da Defesa de Moçambique declarou o seu falecimento.
Numa nota lacónica, o Ministério da Defesa moçambicano nem sequer indica as causas da morte.
Tratava-se do General Eugénio Mussa. Não existe uma referência histórica sobre o seu passado de militar e de cidadão daquele País.
Hoje, aqui em Portugal, almocei com uma figura que, e durante alguns anos, pertenceu a uns Serviços Secretos de um País africano, pessoa muito introduzida nos conflitos armados de Moçambique e de Angola, pós-independências, além de ter colaborado com algumas Forças Armadas e, também, com a intelligence de Nações Ocidentais.
A propósito da morte de Eugénio Mussa, deixou-me claro o seguinte: ”foi assassinado pelos Serviços Secretos moçambicanos, a SISE (ex-SNASP)”.
E prosseguiu o raciocínio:”esse General – posso afirmar – estava a preparar um golpe de Estado com vários outros militares e outras forças, tendo sido denunciado por alguém de dentro dos que planeavam essa reviravolta”.
A mesma personagem adiantou-me que existe mal-estar ao nível das Forças Armadas, onde é normal os ordenados terem atrasos de pagamentos, além de se assistir a uma debandada de militares por falta de fardamento, de armamento, de meios e de instalações condignas.
Quanto apurei, reina nas Forças Armadas de Moçambique, um sentimento de inquietação e, ainda, de grande espírito contra o sistema de corrupção vigente, a que se pode agregar a insatisfação pelo que acontece em Cabo Delgado com o terrorismo que, e como os analistas revelam, é fruto da miséria e da fome em que vive a população dessa Província, apesar de ser a mais rica do País.
A insurreição, com vista a um golpe de Estado por parte de forças militares leais ao Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas moçambicanas Eugénio Mussa, assassinado pelos Serviços Secretos do País, os quais descobriram que estava em marcha esse golpe, acaba por ser a mecha para o matar e, também, a causa próxima para não ter cumprido – nem 1 mês lhe chegou – com o mandato que lhe foi conferido.
Moçambique, que continua nas mãos de uma Frelimo todo poderosa, afogada em meandros obscuros, com gente de ódios e capaz de tudo para atingir os seus intentos, continua a dar nota de que é um País que não merece confiança e que não se liberta dos corredores da política carregada de jogadas e da teatralidade dos seus maiores actores…
António Barreiros