MOÇAMBIQUE: A HORA É DE MUDANÇA

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A agência de notação financeira Moody's considera que Moçambique está em risco de entrar novamente em Incumprimento Financeiro (default) em 2024 se a produção de gás se atrasar e comprometer o aumento previsto das receitas, dada a decisão da companhia Total de interromper as suas actividades em Palma.

O economista António Francisco diz que esta é uma situação que pressiona fortemente Moçambique, que na sua opinião, "praticamente já entrou numa situação de falência, e isto significa que da parte dos compromissos do país, estão a ser violados".

Para o economista Lourenço Sambo, a economia moçambicana tem sérios problemas estruturais que precisam de ser resolvidos para que possa ser sustentável e permita o pagamento da dívida do país.

Sambo defende que, no domínio das reformas, é preciso capitalizar o papel das pequenas e médias empresas no desenvolvimento, "porque esta economia precisa de massificar e aumentar a renda e só se pode fazer isso com as pequenas e médias empresas".

Para Sambo, as reformas devem ser, principalmente, no domínio da produção, "porque não produzimos o suficiente, e o que este país precisa de fazer é parar de tirar para fora os recursos naturais e transformá-los em riqueza".

Por seu turno, o economista João Mosca, entende ser fundamental que Moçambique trabalhe no sentido da diversificação da sua economia, para que não dependa, fortemente, das receitas do petróleo e gás, produtos cujos preços estão sujeitos a frequentes flutuações do mercado internacional, ao mesmo tempo que se esforce por tomar medidas relacionadas com a dívida pública.

Mosca afirma ser necessário encontrar formas de travar o crescimento do endividamento interno e externo, "que coloca Moçambique cada vez mais numa situação insustentável; o Governo tem que tomar medidas sérias relacionadas com as dívidas ocultas e com reformas ligadas ao Estado e às empresas públicas".

"Para além disso", destaca o economista Ananias Matusse, "é fundamental também que o Governo mude a forma como encara o empresariado moçambicano, nos diferentes sectores de actividade, porque essa é uma das formas de evitar que a economia fique refém de recursos energéticos.

António Barreiros