O DESAFIO DOS CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL EM PORTUGAL: UMA PERSPETIVA CRÍTICA
A prestação de serviços de saúde mental em Portugal, especialmente para pacientes psicológicos, é um tema complexo e multifacetado que merece uma análise crítica. Em particular, a questão dos cuidados continuados para estes pacientes e a forma como as famílias são confrontadas com o desafio de cuidar deles devido à falta de recursos é uma preocupação premente.
Num país onde os serviços de saúde mental, muitas vezes, enfrentam sérias lacunas e desafios. Os pacientes psiquiátricos e psicológicos frequentemente encontram-se numa situação delicada, dependendo de cuidados e apoio contínuos. Infelizmente, a realidade é que os recursos para esses cuidados muitas vezes são escassos, deixando as famílias com um fardo significativo para cuidar de seus entes queridos.
Um dos principais problemas enfrentados pelas famílias é a falta de opções viáveis para o cuidado contínuo de pacientes psicológicos. Os serviços de saúde mental em Portugal muitas vezes não oferecem cuidados continuados em larga escala, deixando as famílias sem alternativas a não ser ter que lidar com uma situação para que não estão preparados.
Esta falta de apoio adequado pode ter, e tem, consequências devastadoras para a saúde mental e o bem-estar tanto do paciente quanto da família.
Além disso, a pressão adicional sobre as famílias é exacerbada pela necessidade de trabalhar para sustentar a si mesmas e aos seus entes queridos. A realidade económica, muitas vezes, torna impossível para as famílias dedicarem todo o seu tempo aos cuidados do paciente, criando um ciclo de stress e sobrecarga emocional.
Outro aspeto crucial a considerar é o papel dos serviços sociais dos hospitais neste cenário. Embora esses serviços desempenhem um papel fundamental no apoio aos pacientes e suas famílias, muitas vezes enfrentam restrições orçamentais e falta de recursos humanos. Isso pode resultar em longos tempos de espera para receber apoio, ou em alguns casos, falta completa de apoio.
Além disso, é importante reconhecer que os hospitais de hoje muitas vezes operam como empresas, onde o lucro é uma prioridade. Esta mentalidade pode levar a uma falta de investimento adequado em serviços de saúde mental e cuidados continuados, já que esses serviços muitas vezes não são vistos como rentáveis financeiramente e acabam por ficar esquecidos ou são extintos.
Portanto, é imperativo que haja uma mudança de paradigma na forma como a sociedade e as instituições de saúde encaram a saúde mental e os cuidados continuados. Isso deve incluir um aumento significativo no investimento em serviços de saúde mental, bem como uma abordagem mais holística e centrada no paciente para o tratamento e cuidado desses pacientes.
Além disso, é crucial que haja uma maior colaboração entre os diferentes setores da sociedade, incluindo o governo, as instituições de saúde e as organizações da sociedade civil, para garantir que os pacientes psicológicos e suas famílias recebam o apoio e os cuidados de que precisam.
Em última análise, a questão dos cuidados de saúde mental em Portugal é um reflexo de problemas mais amplos dentro do sistema de saúde e da sociedade em geral. No entanto, é possível superar esses desafios com um compromisso renovado com a saúde mental e o bem-estar de todos os cidadãos, independentemente das suas circunstâncias.
Este texto é dedicado à minha mãe e ao que infelizmente está a passar.
Termino com um pensamento que deveria guiar as nossas ações: “A vida é demasiado curta para fazermos dela um pátio de ódio.”
Sancho Antunes