O folhetim Djokovic
A atual fase da pandemia no mundo, que para além de continuar a provocar vítimas, está a provocar um elevado número de isolamentos de trabalhadores contagiados em setores vitais, como é o caso dos hospitais, polícia, bombeiros, indústria, transportes, etc., afetando seriamente o desempenho destes setores, continua a exigir o maior rigor na circulação de pessoas e nas restrições em vigor em cada país.
Porém, nem todos pensam assim, como é o caso de algumas personalidades do desporto a quem a fama e os incontáveis milhões subiram à cabeça. Habituados a ludibriar as leis fiscais, acham que também se podem ludibriar as leis sanitárias, mesmo quando é o interesse coletivo que está em jogo.
Novak Djokovic, número um do ranking ATP, é um supercampeão de ténis que os amantes do ténis, como eu, admiram dentro dos courts. Porém, perante a pandemia tem usado uma posição sobranceira, quer organizando, à revelia das autoridades, festas privadas que provocaram múltiplos contágios que depois as autoridades de saúde não sabem como conter, quer desdenhando da pandemia e da necessidade das vacinas.
Desta vez, perfeitamente informado das restrições em vigor na Austrália, decidiu (à campeão) munir-se de uma isenção médica passada por alguém pouco escrupuloso, para não cumprir a quarentena de duas semanas imposta a todos os cidadãos (e a todos os atletas) não vacinados, para entrar na Austrália, onde pretende jogar o Open de Ténis, que já venceu por nove vezes.
Só que as autoridades de saúde australianas não foram na cantiga e o campeão ficou fechado numa sala, sem telemóvel e com dois agentes da polícia à porta durante, pelo menos, cinco horas à chegada ao aeroporto de Melbourne, onde passou a noite (e muita sorte teve por não ser o SEF de cá a fazer a triagem alfandegária…). No final, a confirmação: visto cancelado e entrada negada. Valeram-lhe os seus advogados para evitar a expulsão do país. Agora está impedido de sair do hotel até ao dia 10, data em que o seu caso será avaliado em tribunal.
Entretanto os seus advogados desunham-se à procura de um buraco nas leis para fundamentar o estatuto de exceção que permita ao sérvio participar no Open da Austrália, que se inicia no próximo dia 17.
Por muito que se goste de ver jogar Novak Djokovic, seria inaceitável que tal acontecesse.
Imagem retirada da net
Pinto Dos Santos Toni