Palavras ignoradas
Sentei-me, ignorando as palavras sussurrantes que ainda se fazem ouvir pelos cantos da sala e vejo a ligeireza das memórias que vão descendo pelas paredes...
Vejo as flores emurchecidas, outrora viçosas e coloridas, mesmo plantadas nas rugas da vida.
Sentei-me com o comando na mão para abrir a janela desta vida, que rejeito! Espreito e desligo.
De escrever, tenho medo. Tenho medo da decomposição das palavras, do seu odor bolorento, porque as guardei fechadas por tanto tempo. Apesar de acreditar nas palavras que não disse...
E fico, enclausurado, entre os braços já gastos deste antiquado sofá. De olhos fechados, vejo a tua imagem rondar-me a impaciência que se esconde por trás das pálpebras cerradas Onde os silêncios, apesar de distantes, quase se podem tocar.
Luís Constantino