SMART CITIES E SENIORES

SAUL3

 

As ‘smart cities’ ou cidades inteligentes, são as que integram tecnologia e inovação em diversos aspetos do quotidiano. Deseja-se que sejam as cidades do futuro para facilitarem a organização complexa de uma comunidade humana grande e concentrada. É o que se deseja, por exemplo, para Coimbra, embora esteja muito longe de se tornar uma realidade.

Mas este desejo de se transformar uma cidade numa cidade inteligente (smart cities), não se limita apenas à conveniência e eficiência urbana, mas também procura promover a inclusão e o bem-estar de todos os cidadãos, incluindo os idosos. À medida que a população envelhece, torna-se essencial criar ambientes urbanos que atendam às necessidades específicas dessa faixa etária, garantindo qualidade de vida e segurança. Penso que todos estamos de acordo com isto. A questão é considerar este ponto da inclusão e do bem-estar dos idosos como prioridade.

Vamos ver: a introdução de novas tecnologias em diversos hospitais para prevenir quedas de pacientes idosos é um dos exemplos de como podemos utilizar a tecnologia a nosso favor. Este, que é ainda um projeto-piloto, visa a prevenção de quedas e lesões por pressão ao utilizar sensores sem fio que monitorizam os movimentos dos pacientes. Quando um paciente está em risco de queda, o sensor envia um alerta imediato aos profissionais de saúde, permitindo uma intervenção rápida e eficaz. Este exemplo não demonstra apenas o potencial das tecnologias de inteligência artificial em ambientes de saúde, mas também destaca a importância de soluções proativas para problemas comuns enfrentados pelos idosos. As quedas são uma das principais causas de lesões entre pessoas idosas, e a capacidade de prevenir esses incidentes pode melhorar significativamente a qualidade de vida e reduzir os custos de saúde associados. Demonstrando como a tecnologia das cidades inteligentes pode fazer a diferença na urbanidade.

Além de hospitais, as cidades inteligentes podem integrar tecnologias similares em outros espaços, como centros comunitários, transportes públicos e áreas de lazer. Sensores e sistemas de monitorização podem ser utilizados para garantir a segurança, oferecendo assistência imediata em caso de necessidade. Por exemplo, paragens de autocarros equipadas com sensores de movimento podem alertar os motoristas para a presença de idosos, garantindo que tenham tempo suficiente para embarcar e desembarcar com segurança.

Para além das inovações tecnológicas, a inclusão dos idosos também requer políticas públicas eficazes e a participação ativa da comunidade. Conselhos municipais e fóruns de discussão, que envolvam diretamente os idosos, são essenciais para garantir que as suas necessidades e preocupações possam ser ouvidas e atendidas. A criação de espaços onde os idosos possam participar de decisões que afetam as suas vidas promove não apenas a inclusão, mas também a cidadania ativa - tão desejável a qualquer boa organização urbana.

Programas de saúde preventiva são outra área crucial. Em vez de se concentrar exclusivamente em tratamentos reativos, estas cidades podem implementar programas que incentivem a prática de atividades físicas, alimentação saudável e monitorização regular de saúde. Estes programas podem ser facilitados por tecnologias como wearables (tecnologia para vestir que pode ser o caso dos smartwatches e smartbands) que monitorizarão sinais vitais e apps que oferecem orientação personalizada de saúde.

A manutenção de uma vida economicamente ativa para os idosos também é um fator essencial para sua inclusão nas cidades inteligentes. Pois respondem a um problema que começa a ser maior na Europa, onde Portugal não é exceção. Iniciativas que promovam o emprego e o empreendedorismo entre os idosos podem ser altamente benéficas. A criação de programas de requalificação profissional, apoio a pequenos negócios e incentivos fiscais para empresas que contratam pessoas da terceira idade são exemplos de como as políticas públicas podem ajudar a manter esse público economicamente ativo.

Em Copenhague, por exemplo, a plataforma digital "Citizen Lab" permite que idosos participem de consultas públicas e ofereçam suas opiniões sobre projetos urbanos. Na cidade de Nova York, o programa "Age-friendly NYC" utiliza workshops e grupos focais para envolver os idosos em decisões comunitárias, enquanto em Seul, o uso de aplicações móveis como "Seoul Smart Senior" facilita o feedback e a comunicação direta entre idosos e autoridades municipais."

Para não me exceder, acredito que as cidades inteligentes têm o potencial de transformar a vida dos idosos, promovendo inclusão, segurança e bem-estar por meio da tecnologia e de políticas públicas eficazes. À medida que continuamos a integrar inovação tecnológica e a desenvolver instrumentos de inclusão social comunitária, garantimos que todos os cidadãos, independentemente da idade, possam ser beneficiados com estas mudanças, construindo um futuro mais inclusivo e seguro.

Saúl Alves