25% DOS MAIS RICOS DETÊM 48% DO RENDIMENTO DE PORTUGAL
Segundo o relatório “Portugal Balanço Social 2024”, publicado esta semana, reporta a desigualdade de rendimento em Portugal. Os dados mostram que 25% dos mais ricos detêm 48% do rendimento total do país, enquanto os 25% mais pobres apenas 10,2%. Entre os grupos mais vulneráveis estão os imigrantes, os idosos, as pessoas com menos escolaridade e as que vivem em zonas rurais.
Por outro lado, as famílias monoparentais e as famílias numerosas são as mais afetadas pela pobreza, “com taxas de pobreza de 31% entre as primeiras e de 28,2% entre as segundas”.
Portugal tem feito uma “trajetória positiva”, muito sobretudo devido a organismos que recolhem bens entre a população para um maior combate à pobreza, mas mais de dois milhões de pessoas permanecem em risco de pobreza ou exclusão social. No mesmo relatório diz que as transferências sociais, por parte do Estado português, "não são suficientemente generosas" para estancar o crescimento da pobreza em Portugal.
O relatório apresentado na quarta-feira passada, 4 de Junho de 2025, começou por contextualizar a posição de Portugal, salientando que, em 2023, o país “estava abaixo da média da União Europeia nos principais indicadores de pobreza, exceto na taxa de risco de pobreza”.
Recorrendo a dados do Eurostat (o gabinete de estatística da União Europeia), os investigadores apontaram que a taxa de risco de pobreza após transferências sociais era de 17%, enquanto a média da União Europeia (UE) era de 16,2%. Isto significa que estas pessoas viviam com um rendimento inferior a 632 euros por mês.
Susana Peralta, uma das investigadoras responsáveis por este estudo, reforçou a ideia de um "grande contraste" social no país, visível através das diferentes relações com o mercado de trabalho, das casas em que vivem, da confiança nas instituições e até das privações no acesso a cuidados de saúde.
Nos últimos anos, Portugal tem recebido "várias notícias positivas" no que diz respeito ao "crescimento do PIB, do salário médio e do desempenho do mercado de trabalho". Susana Peralta questionou, por isso, qual a razão para o crescimento económico do país não ser "inclusivo", considerando a investigadora que existam dois estados distintos em Portugal.
«Ainda temos quase 400 mil crianças que vivem na pobreza. Isso mostra que as nossas transferências sociais não chegam a toda a gente que deviam e não são suficientemente generosas.» sublinhou a investigadora.
O montante referente à coesão de recursos — que permite verificar quanto dinheiro é que as pessoas têm para perceber se precisam ou não de uma transferência social — é "bastante abaixo" do limiar de pobreza, para argumentar que o desenho das transferências sociais "não permite retirar ninguém da pobreza", antes, "permite aliviar essas situações".
A taxa de privação material e social severa era de 4,9% (6,8% para a UE27) e a percentagem de pessoas em agregados familiares com intensidade laboral muito baixa era de 6,3% (8% para a UE27).
Na análise feita, é possível constatar que 10,4% da população residente estava em situação de pobreza extrema em 2023, o que quer dizer que “mais de metade das famílias pobres tem rendimentos abaixo de 50% do rendimento mediano nacional, ou seja, 3548 euros por ano”.
A população pobre sofre de maior privação habitacional em todas as dimensões e quatro em cada dez pessoas em risco de pobreza vivem em habitações com telhado, paredes, janelas e chão permeáveis a água ou apodrecidos e, embora “a vasta maioria da população não tenha sido forçada a dormir fora da sua habitação, 3,6% das pessoas não pobres e 4,9% das pessoas pobres sofreram com essa situação”.
“Entre os pobres, 1,1%, ou 15 mil pessoas, afirmam já ter tido que dormir na rua, ou num espaço público, por carências habitacionais”, refere o relatório.
Sobre as diferenças regionais, o relatório mostra que a prevalência de pobreza é maior nas Regiões Autónomas, onde é também maior a privação material e social e os valores de desigualdade.
“A taxa de pobreza está quase oito pontos percentuais acima da média nacional nos Açores, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e quase três pontos percentuais acima da média nacional na Madeira e na Península de Setúbal”, lê-se no relatório, ressalvando, no entanto, que a taxa de pobreza nas Regiões Autónomas diminuiu entre 2023 e 2024.
Diz também que, em geral, a desigualdade aumentou entre 2022 e 2023 e que os Açores são a região com maior desigualdade, seguida da Madeira e da Área Metropolitana de Lisboa, que “foi também a região em que a desigualdade mais aumentou face a 2022”.
“Entre os pobres, 1,1%, ou 15 mil pessoas, afirmam já ter tido que dormir na rua, ou num espaço público, por carências habitacionais”, refere o relatório.
Sobre as diferenças regionais, o relatório mostra que a prevalência de pobreza é maior nas Regiões Autónomas, onde é também maior a privação material e social e os valores de desigualdade.
“A taxa de pobreza está quase oito pontos percentuais acima da média nacional nos Açores, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e quase três pontos percentuais acima da média nacional na Madeira e na Península de Setúbal”, lê-se no relatório, ressalvando, no entanto, que a taxa de pobreza nas Regiões Autónomas diminuiu entre 2023 e 2024.
O relatório aponta que a desigualdade aumentou entre 2022 e 2023 e que os Açores são a região com maior desigualdade, seguida da Madeira e da Área Metropolitana de Lisboa, que “foi também a região em que a desigualdade mais aumentou face a 2022”.
AG