ALIMENTAR A CRIATIVIDADE
A criatividade é fundamental para o ser humano.
Somos, por natureza, seres criativos que usam o conhecimento para formar soluções inovadoras, criar coisas novas que obedecem a um processo mental que foi evoluindo ao longo do tempo.
Bruno Munari divide o processo mental em quatro fases, sendo estas: fantasia, imaginação, invenção e criatividade.
Este processo consiste:
Numa das etapas, a pessoa adota o sistema de fantasia como algo natural, por mais absurda que seja a ideia, mas foi daí que nasceram os unicórnios e outros animais míticos e até o desejo de voar; outra fase, exige a criação de uma imagem mental daquilo que a pessoa pretende - é a imaginação!
Na invenção, o inventor usa a técnica de relacionar as informações que estão ao seu dispor para formular algo que é visível por todos e que funcione do modo que previa. Embora raras, há vezes em que o inventor assume igualmente um papel de artista, mostrando uma preocupação com o aspeto estético da sua criação, como foi o caso das primeiras máquinas de costura, decoradas a ouro e madrepérola. Porém grande parte das vezes, assumir dois papéis não tende a correr bem.
A criatividade de certo modo usa aspetos tanto da fantasia como da invenção. Tira da fantasia a liberdade de explorar todo o tipo de hipóteses, por mais irracionais que aparentem ser. Da invenção retira a precisão que necessita ter.Com estes dois conhecimentos, percebe todos os problemas e quais são os materiais fundamentais para que o inventor crie o que tem em mente. Para além destes aspetos, a criatividade para Bruno Munari, conta com o aspeto psicológico, social, económico e humano.
Observar o mundo de uma perspetiva que ainda não foi analisada e utilizar essa visão para alterar algo no mundo, compõe um fragmento importante do que é ser humano.
Cada vez mais se assiste à falta de incentivo da parte do ensino com os alunos a explorarem a sua imaginação. As aprendizagens são passadas como se fossem dados soltos e de conhecimento obrigatório, não cativando assim qualquer interesse dos alunos mais jovens e aniquilando completamente o seu sentido crítico e processo criativo. Com as asas cortadas nos primeiros anos de ensino, são raros os alunos que conseguem deixar-se levar e voar alto.
Porém são notórios os benefícios para a sociedade quando são dadas as ferramentas corretas a pessoas que souberam se desviar do ensino comum que rejeita a desenvoltura do lado criativo.
Estes são alguns exemplos de produtos dessas pessoas que contornaram o “normal” e foram mais além, no ano de 2022:
A Gridware é uma empresa que vigia em tempo real a rede de energia elétrica de modo a antecipar possíveis catástrofes. A empresa apenas cobre cinco estados, nos Estados Unidos da América e basicamente, com os seus sensores de rede elétrica movidos a energia solar, reconhecem através destes vibrações o que está a acontecer nessa área, e quando
algum problema é detetado, um alerta é enviado para a concessionária.
Deepmind, uma companhia de inteligência artificial, criou uma função dentro da inteligência artificial, AlphaFold, cuja função é possibilitar a facilidade com que se prevê a composição da estrutura, a partir de um modelo 3D, precisa de 200 milhões de proteínas. Os benefícios desta aparelhagem são vários, por exemplo, acelerar o desenvolvimento de novos fármacos.
A Icon, uma empresa que constrói casas impressas a 3D, em 2022 assinou um contrato com a NASA onde se compromete a um projeto de 6 anos para construir casas na lua, a partir de poeira e rochas lunares. A máquina que é encarregada pela impressão destas estruturas lunares tem o nome Olympus. Ao longo da construção, irão ajustar os materiais de acordo com as variações de temperatura, radiação e micrometeoritos tendo sempre em consideração o conforto dos astronautas, futuros habitantes da lua.
Estes exemplos ajudam a ter uma perceção do que pessoas que mantém contacto com o seu lado criativo são capazes de gerar, e é por isso que não se deve deixar morrer o lado fantasioso das crianças.
Como pessoas que constituem uma sociedade, é essencial partilhar, trocar impressões e, ao fundir tudo o que a nossa criatividade nos permite construir para conseguir posteriormente desfrutar das brilhantes invenções que apareceram dessa fusão.