DESCONFINAR (SÓ) PARA AS ELEIÇÕES: SEDE DE VOTOS…

 

Dois pesos e duas medidas é o que nos dão os responsáveis políticos, atravessando o próprio Presidente da República que já nos deixou, nas suas proposituras ambíguas e não só, o seu legado. Está bem com Deus, quando vai à missinha e está bem, também, com o Diabo, quando se reúne com ele, nas horas vagas…

Hoje confina-se, ainda. Amanhã, repete-se a cena. Para depois de amanhã e depois, idem. Na data das eleições abrem-se as portas e a malta pode ir para a rua. Tudo por mor e vontade do acto eleitoral. O vírus, o tal covid, vai de férias nessa data, segundo o boletim do governo, pelo que podemos ficar descansados quanto a peganços da coisa.

E eu que, em Maio de 2020, deixei de ir a Fátima, porque o Governo me proibiu, ao arrepio da liberdade, mas em nome da minha saúde e a do meu próximo, quem prezo. E eu, que tento ser um homem de Fé, na Senhora da Fátima, a dos 3 Pastorinhos, a que veio para nos deixar mais palavras de Salvação, as que se inscrevem nas de seu Filho, de nome Jesus, que nos apresenta a fórmula para isso, abrindo-nos a servir, a compreender, a tolerar, a aceitar os outros, a espalhar o Bem, misericórdia, a partilhar e a Amar, fui impedido de a ir saudar e de, a seus pés, orar, por mim, e pelos que guardo no coração e por mais uns quantos.

Mas fui consciente, responsável e Cidadão de corpo e de palavra inteiro, porque sustive a ânsia de ir a Fátima, a vontade de revisitar o recinto e a Senhora, o sentimento de levar o terço (o que a minha querida mãe me ofereceu numa das nossas idas a esse Altar) para rezar e porque me mantive sereno, percebendo que a saúde é o maior bem que podemos ter. Sem ela, a saúde, não mais poderia ir a Fátima. Até ver, ainda poderei lá ir.

Mas, e nesse entretanto, houve manifestações do 1.o de Maio, em Lisboa, com centenas de simpatizantes e realizaram-se outras concentrações partidárias, sem restrições, porque o mote era a força e os poderes da política. Essa que envaidece, essa que cria tachos, essa que eterniza gente em lugares, essa que subestabelece corrupções, essa que galvaniza amigos e militantes para as causas da fé política. Creêm e adoram ídolos humanos, os das políticas. Cá por mim, creio e adoro nos espíritos do Bem, os que me fazem ser melhor ser, dotado de palavras que agregam e de sentimentos que valorizam o Amor, a receita para a harmonia e a bem aventurança Humana, erguendo a Paz.

Mas voltando ao tema que me trouxe.

Vão as Entidades e as Autoridades nacionais desconfinar, por alturas das eleições legislativas, as de 30 próximo, porque nos querem na rua para nos convencerem a votar. Estão no seu direito. Mas estou no meu direito, também, de não ir votar, porque nenhum partido me enche as medidas…

Mas não se desconfina para termos maior produção no trabalho e na assunção da prestação de serviços. Mas para suster a abstenção vale tudo. Mas a abstenção vai manter-se e, aqui para mim, nestas próximas, vai aumentar, trazendo mais interrogações sobre a legitimidade de quem governa e não só… Quem ganhar com os tais 38%, apenas com menos de uns 2 milhões de votos, não soma mais do que uns 20% de intenções de voto, num universo de cerca de 10 milhões de inscritos. A nossa lei eleitoral, assim como a Constituição, precisa de uma grande mexida, caso contrário continuaremos com a política á portuguesa, a que nos derrota e empobrece, todos os dias, do ano.

O que é preciso é ir votar, a qualquer preço, apesar de se começar a saber que o covid vai passar – será ? – de pandemia a endemia, dentro em breve.

Esta sede de votos dos políticos acaba por não ser benéfica. Acaba por nos vir dizer que, e neste tempo do séc. XXI, já não seria sem tempo que o voto fosse electrónico. Tão digitalizados, a falar-se em 5G, mas tão atrasadinhos, coitados. Os nossos governantes são uma caixinha de surpresas…

António Barreiros