DILEMA

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O António estava internado com um problema grave nas pernas.

Numa manhã chuvosa e com trovoada, o médico aproximou-se dele e disse-lhe:

- Sr. António, tenho duas informações para lhe dar. Uma boa e outra má. Qual delas quer que lhe dê em primeiro?

- Prefiro que me dê, em primeiro lugar, a má. - respondeu o António já nervoso.

O médico pôs um ar sério e atirou:

- António, vamos ter que lhe amputar as pernas.

O António entrou em choque. Nunca tal hipótese lhe passara pela cabeça. O que iria ser da sua vida. Consternado, perguntou:

- E qual é a notícia boa?

Respondeu-lhe o medico:

- Já arranjei quem lhe fique com os sapatos!

A Educação está na mesma.

Ter apenas 60 mil alunos sem aulas é uma boa notícia, porque as perspetivas apontavam para 100 mil.

Alegremo-nos e festejemos.

Há muitos anos que esta é a normalidade. Mas será geral?

Não! Como na aldeia do Astérix, há um setor onde ainda se resiste, embora as horas lectivas  possam ser de 60 minutos, não haja reduções de componente letiva e a tabela salarial seja inferior, há professores no início do ano letivo e as substituições são feitas de um dia para o outro: o setor particular e cooperativo.

Qual o motivo? Um deles, sem dúvida, a contratação direta de professores.

Foi preciso o problema tomar proporções épicas para o Governo agir. Já no ano passado, houve alunos sem professor a, pelo menos, uma disciplina, que não tiveram aulas durante quase todo o ano letivo.

Finalmente, uma medida que irá permitir começar a resolver um dos problemas do sistema educativo.

Quanto à formação de professores, há muito quem ameace com o perigo de termos novamente docentes com o 12.º ano. Acho que são tempos a que não podemos voltar. Mas, no meio destas generalizações e alarmismo, não atiremos fora o bebé com a água do banho.

Conheço casos de pessoas que não puderam dar aulas numa escola com 2.º e 3.º ciclos e secundário, apesar de uma delas ser licenciada (pré-Bolonha) em Direito, Filosofia e Teologia e ter um doutoramento em Pedagogia e outra ser licenciada e doutorada em Matemática.

Como em tudo na vida, "Nem tanto ao mar, nem tanto à terra".

António Franco