E SE PORTUGAL RECUSAR APOIO SOCIAL DA IGREJA ?

E SE PORTUGAL RECUSAR APOIO SOCIAL DA IGREJA ?

O 14º Congresso Nacional das Misericórdias realizado do dia 1 ao dia 3 de Junho de 2023 que decorreu na Ordem dos Contabilistas Certificados, em Lisboa, veio dizer que sem o trabalho das Misericórdias, centros sociais, IPSS, fundações, cooperativas e mutualidades, com mais ou menos intervenção da Igreja Católica, Portugal entrava em colapso no apoio social.

A intervenção do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, deixou bem claro quando afirmou que: «Portugal vive numa situação social complicada, o Estado tem tentado fazer muita coisa, durante a pandemia foi evidente essa parceira, mas, agora, as Misericórdias sentiram necessidade, 25 anos depois do último congresso em Lisboa, vir à capital do país dizer contem com as Misericórdias mas assumam a vossa responsabilidade.»

Alertou depois: «Em nome da União das Misericórdias, e meu como investigador e estudioso desta matéria, ando há mais de 15 anos a dizer que estamos perante um tsunami social que é o envelhecimento em Portugal. Estamos aqui a assistir ao tsunami na praia, a onda a levar tudo, e também está a levar as pessoas que foram para os hospitais e não têm para onde ir e precisamos de nos sentarmos todos

O bispo D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, salientou «Nós acompanhamos com todo o interesse e desejamos muito que as Santas Casas tenham assegurado da parte do Estado o apoio para serem resposta nos mais diversos pontos do nosso país, porque está em todo o território e interessa-nos muito que essa resposta funcione e funcione bem; as Santas Casas que são uma resposta do melhor que a sociedade tem para responder aos problemas”, desenvolveu o bispo de Santarém à Agência ECCLESIA.

O primeiro-ministro português encerrou os trabalhos do congresso, na manhã de sábado, que contou com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que agradeceu o esforço das Misericórdias Portugueses durante a pandemia, na sessão realçando que pretendem continuar a «(...)trabalhar de forma aberta, com confiança mútua para conseguirmos encontrar e desenhar uma trajetória para conseguir um cofinanciamento equitativo».

António Costa destacou, por exemplo, que as creches e os Cuidados Continuados Integrados são duas dimensões onde o Setor Social Solidário, designadamente as Misericórdias é « (...) absolutamente fundamental».

“O acordo que temos, e aquilo que resulta do pacto, é que estas são duas áreas onde o Estado confia ao setor social e solidário as respostas necessárias à sociedade e, por isso, se compromete a cofinanciar de uma forma equitativa esse esforço” reforçou António Costa.

A União das Misericórdias Portuguesas foi criada em 1976 para orientar, coordenar, dinamizar e representar as Santas Casas de Misericórdia, defendendo os seus interesses e organizando serviços de interesse comum em todo o território português.

Neste momento existem atualmente 388 Misericórdias, algumas com mais de 500 anos de existência. Apoiando diariamente mais de 165 mil pessoas em todo o país em áreas sociais estratégicas, como a educação, saúde, inclusão socioprofissional, as Misericórdias detêm 23 hospitais e 117 unidades de cuidados continuados.

Fazendo uma conta simples poderemos entender de que valores, ainda que de maneira não exata, são necessários para que estas instituições: se multiplicarmos 165000 pessoas apoiadas diariamente por 2 euros por pessoa (num valor diário pelos mínimos) dá como resultado 330 000 euros gastos por dia. Se multiplicarmos 330 000 euros pelos 365 dias que tem um ano comum dá a quantia de mais de 120 Milhões de euros por ano. Ultrapassando em 119 Milhões o lucro que dá o Santuário de Fátima.

FG