GERAÇÃO “BOOMERS” CADA VEZ MAIS AFLITA!
Pessoas na casa dos 50 e 60 anos (geração chamada, na maioria, “baby Boomers”) vêm-se a braços para trabalhar com as cada vez maiores exigências laborais e, ao mesmo tempo, cuidar dos pais, que rondam a casa dos 90 anos.
Com a idade da reforma cada vez mais longe, perto dos 67 anos e quando a maioria das mulheres trabalham - quais as alternativas?
As famílias com maior poder económico, contratam pessoas para cuidar dos seus parentes mais idosos. Ficando a família dependente de uma pessoa que pode faltar, deixando com frequência os filhos em situações onde é difícil conjugar com os seus compromissos profissionais. Outros, optam por os colocar em lares, que de um modo geral são acima das possibilidades da maioria dos portugueses.
Para termos uma ideia, O Ponney procurou o preço médio mensal de um lar de idosos privado em Portugal. Estes preços situam-se, em 2025, entre os 1.315€ e os 1.675€ (mensais). Claro que estes preços podem variar significativamente dependendo de fatores como a localização e o tipo de quarto.
Já no caso de lares de instituições sociais (IPSS), não conseguem dar resposta a tanta procura. Para o presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, afirma que nos lares de Instituições de solidariedade «há sempre listas de espera significativas» e na sua opinião a ausência de respostas ajuda a promover o aparecimento de lares clandestinos.
«Nós temos, normalmente, nos lares das IPSS, que esses são legalizados e funcionam bem, listas de espera muito significativas e as pessoas, pressionadas porque não conseguem acesso a um lar legalizado ou a um lar de uma IPSS, acabam por recorrer a esses lares», explica. «Isso também favorece um bocado um certo comércio, um certo mercado.»
Para a maioria dos portugueses, que não tem condições financeiras para suportarem estas despesas acrescidas, não podem contratar ninguém, nem tem disponibilidade económica para optar por lares privados e a opção de colocar num lar da IPSS é ficar numa longa lista de espera, fica numa situação aflitiva.
A opção passa algumas vezes por optar por lares ilegais, onde o risco de maus tratos é muito grande. Em Portugal, quase mil lares de idosos foram encerrados em nove anos. Destes, 155 foram fechados de urgência pela Segurança Social, que participou quase 300 crimes de desobediência ao Ministério Público. A maioria destes lares não tinha licença.
A verdade é que com as pensões miseráveis que os idosos têm, muitas vezes nem para as despesas com a medicação chega, acabam por sobrecarregar as jovens famílias.
Há quem não tenha outra alternativa que pedir reforma antecipada, sofrendo todas as penalizações, para se dedicar por inteiro a Cuidador Informal. Sendo o subsídio para um cuidador informal principal calculado com base na diferença entre o valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) e os rendimentos do cuidador. Podendo o valor de referência para 2025 ser de 522,50€ (1,1 IAS), pois o subsídio máximo nunca ultrapassará este valor. Se os rendimentos do cuidador forem, por exemplo, de 200€, receberá 322,50€ (522,50€ - 200€). Num limite que está muito aquém do ordenado mínimo, que é considerada, já de si, a renda mais baixa em Portugal.
A família é o pilar de qualquer sociedade, mas está cada vez mais abandonada à sua sorte. O que também não favorece a economia nem o desenvolvimento do país.
Agora também se verifica ser verdadeiro que há a intenção de limitar a licença de amamentação, de acordo com o anteprojecto apresentado na quinta-feira da semana passada. Em conjunto com medidas polémica para a maternidade.
Um facto conhecido por imensos estudos é que Portugal tem vindo a registar uma tendência acentuada de baixa natalidade, sendo um dos países com a menor taxa de fecundidade da Europa e do mundo. Em seis décadas, o número de nascimentos em Portugal diminuiu para menos de metade, passando de mais de 200 mil por ano no início dos anos 60 para menos de 85 mil em 2024.
Por outro lado já nasceram 42 bebés fora de maternidades este ano (até 26 de Julho de 2025), com 38 partos a ocorrerem em ambulâncias, de acordo com a SIC Notícias.
Há cada vez mais gente indignada que se manifestam nas redes sociais perguntando:
«Estamos a retroceder no tempo?»; «Com estas novas restrições para o apoio ao nascimento, numa altura em que sabemos as enormes dificuldades que hoje as grávidas enfrentam?»; «Nisto vê-se preocupação por parte do Governo? Não! Mas há que dificultar a vida de mães recentes.»; « É assim que querem um aumento de Natalidade? Difícil!» - Revelando um mal estar no cuidado com as famílias. Desde os nascimentos até ao cuidado com os idosos.
O problema é gravíssimo para encontrar berçários, creches ou lares para seniores.
Que prioridades deve considerar um governo em Portugal: Cuidado com as famílias ou usar uma prática economicista?
Rosário Portugal
01-08-2025