MILAGRE DO MILHÃO ?
MILAGRE DO MILHÃO ?
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, anunciou a 16 de Fevereiro de 2023, que o Santuário teve em 2022 receitas de 18,67 milhões de euros e despesas de 17,7 milhões de euros, atingindo um lucro de quase um milhão de euros.
Ao nível das despesas, os valores totalizam 17,7 milhões de euros, sendo que os relativos ao pessoal atingiram os 5,41 milhões de euros, as depreciações 4,56 milhões de euros, e os fornecimentos e serviços externos 3,1 milhões de euros.
Em 2021, as receitas foram na ordem dos 15,2 milhões de euros, sendo que a parcela das despesas se cifrou, números redondos, em 14 milhões de euros.
Já em 2019, as receitas foram de 20,3 milhões de euros, com as despesas a somarem 18,9 milhões de euros.
Segundo o reitor, a preocupação “(...) é de manter sempre este equilíbrio entre aquilo que são os rendimentos e aquilo que possam ser as despesas do Santuário”, garantindo que foi feito “um esforço enorme para a diminuição das despesas”.
“É um esforço que temos vindo a fazer, mas, por exemplo, num ano como este, demo-nos de frente com uma realidade, enfim, que não depende do Santuário, mas que foi a subida, por exemplo, dos fornecimentos externos”, referiu, exemplificando com “a energia que agravou os custos”.
Segundo o sacerdote, reconheceu que as receitas “são, maioritariamente, das ofertas dos peregrinos”.
“Não é algo desconhecido que o Santuário tem um ou outro espaço comercial, uma outra loja de artigos religiosos e uma livraria, como tem casas de acolhimento (…), que têm também receitas. Porém, não são receitas com as quais o Santuário possa viver. Nós vivemos, efetivamente, dos donativos, porque essas receitas ficam muito aquém daquilo que são os gastos do Santuário”, declarou.
Sobre as despesas, as maiores são relativas ao pessoal, admitiu o reitor do Santuário de Fátima: “O nosso grande peso são os recursos humanos. Mas são também o maior ativo do Santuário, isto é, a maior riqueza do Santuário são os seus colaboradores”, realçou.
O Santuário tinha, em Dezembro do ano passado, 331 funcionários, dos quais 29 estudantes (trabalham a tempo parcial). Na mesma data tinha 321 voluntários inscritos de forma regular, excluindo a colaboração de escuteiros ou servitas (religiosos servos de Maria).
Mas também há críticas à gestão do Santuário de Fátima. Uma das maiores críticas vêm de dentro do próprio sistema do Santuário.
É o caso do Monsenhor Luciano Guerra, que foi reitor durante 35 anos, tendo deixado o cargo em 2008, considerou, em entrevista ao semanário Jornal de Leiria (Dezembro de 2022), que, depois de nos seus mandatos a "prioridade" terem sido "(...) os peregrinos em geral, os quais podem considerar-se pobres, a classificação humana que mais convém aos filhos de Deus".
"Fez-se uma esplendorosa celebração do centenário [das aparições, em 2017]. Houve muita música e outras manifestações artísticas. Fazem-se ainda exposições maravilhosas, mas que a meu ver ficam demasiado caras e, até por isso, de resultado pastoral menos evidente. O peregrino que vem a Fátima não precisa senão de um ambiente de oração", acrescentou.
Outra crítica deixada pelo sacerdote refere-se aos alegados elevados salários pagos no Santuário. Monsenhor Luciano Guerra afirma ainda que "(...) um padre é um padre. Não pode, de maneira nenhuma, comparar-se a um administrador de uma empresa, mesmo que os leigos que o sacerdote dirige recebam salário superior".
O ex-reitor deixou, ainda, o lamento pela forma como foram admitidos ou dispensados alguns funcionários no Santuário nos últimos anos.
"Houve trabalhadores que praticamente foram expulsos, a vários outros (...) teve a instituição de pagar altas indemnizações; outros saíram e calaram-se, com receio de retaliações. Quase de rompante, foram admitidos mais de 130 novos funcionários, numa casa que tinha 210. Houve uma série de pessoas que foram empurradas para sair", refere o antigo responsável pelo Santuário.
Para termos uma visão ampla e clara é necessário que também se leia o artigo «E SE PORTUGAL RECUSAR APOIO SOCIAL DA IGREJA ?»
AF