SEGURANÇA SOCIAL RICA, MAS PORTUGAL POBRE ?

Quanto maior a intensidade de trabalho, menor a taxa de risco de pobreza? Certo?

Em Portugal não é bem assim!

Para as pessoas que consideram que, em Portugal, só é pobre quem quer, devem ler os estudo feito pela Eurostat na União Europeia (UE), Portugal em 2021, a taxa de risco de pobreza para as pessoas com menos de 65 anos que viviam em agregados familiares com intensidade de trabalho muito baixa era de 64,2%.

Já em agregados familiares com intensidade de trabalho média, a percentagem situa-se nos 36,1%.

Ponto importante: em agregados familiares com intensidade de trabalho muito alta, Portugal também não pontua muito bem, apresentando-se como o quarto país com maior risco de pobreza: Luxemburgo (13%); Roménia (9,6%); Espanha (7,8%) e Portugal (7,3%) são os 4 países que estão na cauda da UE onde o agregado familiar tem uma alta intensidade de trabalho mas têm maior risco de pobreza.

Com a pobreza a rebentar pelas costuras, temos que considerar o apoio social, protagonizado pela Segurança Social.

As transferências sociais, os contributos contra a pobreza, contribuem para reduzir a desigualdade económica: o coeficiente de Gini (no qual 0 representa a completa igualdade) passa de 38, na ausência de transferências, para 33, no cenário em que estas existem, em 2020.

O que não ajuda muito a resolver o maior problema da pobreza em Portugal, mas que é contraditório quando a Segurança Social registou o maior excedente orçamental em mais de uma década, atingindo 4.059 milhões de euros, em 2022, uma melhoria de 1.711 milhões face a 2021, avançou o Conselho de Finanças Públicas (CFP).

Ou seja, mesmo nos agregados familiares com maior intensidade de trabalho, maiores receitas por maior exigência laboral, Portugal tem um risco de pobreza, com referência europeia, para níveis muito altos. Imaginem em agregados familiares mais baixos, mas ainda assim a Segurança Social apresenta excedente orçamental.

Será que alguém entende esta contradição?

JAG