Amor irreversível
Na Alta, velho quarto alugado, negra era a cor
da roupa que vestia, mas, diferente, histórico
era o tempo de viver, liberto dum antigo rigor,
no contexto dum novo mundo, antes, ilusório.
Enamorado, tempos mudados, sentia-se melhor
com a liberdade que faltava no mundo censório,
e, sempre, a seu lado, oportunidades dum Amor
de sua reversibilidade, alguma culpa, no Cartório.
Ledo, não quedo, em devaneios enredado, até o dia
do adeus, amores, para um, só, seu coração pendia,
ideias, de voltar atrás, limpou, de vez, da sua mente.
.
Era tão linda morena, que ver-se livre, dela, não queria,
também, desamarrá-lo, o seu Destino não lhe permitia,
e com os laços, feitos de anos, os uniu, perpetuamente!
Edgard Panão
Fotografia: Rua do Borralho (retirada da net)