Gelo, Éden
Num País Perdido andou
a lua pelo juncal,
e o que connosco gelou
vê e arde como um sol.
Vê, tem olhos como os mais,
dois mundos claros de esperança.
Noite, noite, pantanais,
vê, tem olhos, a criança.
Vê, vê, nós estamos a vê-lo,
vejo-te a ti, tu a mim.
Ressuscitará o gelo
antes da hora do fim.
Paul Celan (1920-1970)
O poema pertence ao livro A Rosa de Ninguém em tradução de João Barrento.
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