O cavalo

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Teus poros exalam o fumo

Do lar dos deuses de onde vieste.

Rompante de espuma e de lume

És sol quadrúpede ou mar equestre?

Desfilando derramas o ouro

Do teu rio inacabável,

Desmedido relâmpago louro

De um deus equídeo possante e frágil.

Tudo existiu para que fosses

No contraluz desta madrugada

Mitológica proporção perfeita

Em purpúrea bruma recortada.

Pois que te é divino mister

Humanos olhos extasiar

A dúvida é só perceber

Se vieste do sol ou do mar.

Natália Correia

Poesia Completa (Inéditos 1985/90) - Publicações Dom Quixote 1999