Poema do Fim
Como a pedra afia a faca,
Como ele desliza a serragem ao varrer,
Assim, a pele aveludada
De súbito, entre os dedos. Úmida.
Oh dupla coragem, sequidão –
Dos homens, onde está você,
Se em minhas mão há lágrimas
E não chuva?
A água é da fortuna
O que mais poderia querer?
Se teus olhos são diamantes
Que se vertem em minhas palmas,
Já não perco
Nada. Fim do fim.
Carícias, abraços
– Eu acariciava tua face.
Assim somos, orgulhosos
E polacas – Marina -,
Quando chove em minhas mãos
Olhos de águia:
Você chora? Meu amor,
Meu tudo: me perdoe.
Pedras de sal
Caem em minhas mãos.
Planto de homem, veia,
Na cabeça recostada.
Gritos. Outra te devolverá
A vergonha que te fiz deixar.
Somos dois peixes
Dos meus – meu – seu – meu mar
Duas conchas mortas
Lábio contra lábio.
Todas as lágrimas.
sabor
Um oráculo
– O que acontecerá
quando
Despertares?
Marina Tzvietáieva
Moscou, 26 de setembro de 1892 — Ielabuga, 31 de agosto de 1941), foi uma poetisa e tradutora russa.
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