Poema II do caderno Ítaca. Intacta.

é na terra túrgida. que se escoram.

os alicerces. sólidos dos templos. iníquos. da loucura.

que o dia límpido acordam e é na fímbria. finíssima. das praias que

posídon. uno renasce rei do mar o devolve.

e se ouve sua eterna voz antiquíssima.

penélope pensa. que incompletude reina e sobra.

em a obra remota.

e. dual. se gora.

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a erecção eminente dos templos insinua uma sabedoria. submissa.

o louvor do infinito. e de seus deuses.

o esplêndido e pagão verão irrompe. então soa o estrépito da manhã inóspita.

que se demora. brisa irreal.

e a noite veste-se de um puro vento do sul. esboço de éter eterno.

ou o macio feno.

onde o sexo assoma solene.

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ítaca era o símbolo intacto da odisseia.

retornava à finitude. à oralidade e à errância.

na grécia antiga. ignoravam-se as viagens aquém dos deuses.

Homero - Odisseia II (Penépole)

Tradução de: Manoel T. R.-Leal 

Pintura: Penepole-e-os-pretendentes-Jonh-William Waterhouse 1912 (retirado da net)

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