RANCHO DE COIMBRA, MEMÓRIAS QUE FALAM!

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Esta é a expressão que neste momento encontrei, ao querer testemunhar, enquanto associado, o grande apreço que sinto por esta colectividade, cujo desempenho merece ser enaltecido. É por isso que, ao evocá-la, a primeira coisa que me vem á mente recai no apoio de cariz higieno-sanitário que ali foi disponibilizado em décadas anteriores, mais concretamente nas de cinquenta, sessenta e ainda nos primórdios dos anos setenta. Este apoio, de imensurável relevância, traduziu-se na cedência dos seus balneários e respectivo equipamento, à população pobre e vulnerável da Baixa, muita dela sem água canalizada e sem lugar para tomar banho e para fazer a sua higiene pessoal. Até então, eram os fontenários públicos a resposta para tal necessidade. Em simultâneo, quero igualmente recordar o que foi o seu papel sócio - cultural, desportivo e recreativo através dos tempos, no decurso das tantas iniciativas que, das mais variadas formas, procuravam congregar pessoas à sua volta, algo que, no fundo, amenizava o espectro de carência social que por ali grassava. De entre essas iniciativas saliento os teatros e revistas, a projecção de filmes, os bailes, os convívios musicais por ocasiões festivas e, particularmente, as actuações do seu grupo que, para além de ter sido baptizado Rancho de Coimbra, ainda hoje é também conhecido por Tricanas de Coimbra. Remonta a sua fundação a 1938 e teve, por detrás, todo um leque de prestigiados vultos ligados à cidade e à cultura, de que se destacam o Professor Vergílio Correia, Joaquim António de Almeida e o advogado e escritor Octaviano de Sá, este último o autor da maioria das modas das fogueiras, as mesmas que continuam ainda hoje a andar de boca em boca. E vai de roda!...
Na sua sede, concretamente no salão e no Pátio do Hilário, como é designado o seu acolhedor espaço de convívio ao ar livre, podemos ver as homenagens que, nos anos oitenta, ali foram prestadas a figuras da guitarra de Coimbra, nomeadamente Artur Paredes, Edmundo Bettencourt, António Portugal e outros.
Recentemente, desviei a minha rota até à rua do Moreno e fui tomar café ao referido Pátio, aproveitando para dar dois dedos de conversa às três dezenas de homens que ali se encontravam. Quase todos eram reformados e se mostravam contentes e radiosos, uns jogando cartas, damas e dominó, outros conversando ou lendo os jornais, alguns bebendo a sua cerveja ou o seu copito e uns tantos, tão só seguindo a televisão.
E eu reflecti quão importante e oportuno é, nesta altura, apoiar os corpos directivos desta casa, por forma a preservar e dinamizar esta associação, onde nem sequer falta um “Centro de Dia” improvisado, sem custos e com manifesta satisfação dos utentes!
O momento certo será, a meu ver, o dia 5 de Julho, data em que se irão comemorar os seus 86 anos e, no seu decurso, homenagear José Costa, sócio nº 1 desta agremiação, conceituado comerciante de ourivesaria da nossa cidade e, por nascimento, um homem da Baixa de Coimbra. Para tal, Manuel da Silva, o presidente da Direcção, quer tornar o convite extensivo a todos os associados e amigos.

António Castelo Branco.