SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO XX

SOBREVIVENCIA9

 

A ideia do sobrevivencialismo, como aconselho a todos, é uma filosofia muito mais ampla do que necessariamente uma prática. Todo aquele preparador, que apenas pratica, falha na base concetual pois provavelmente não vai levar em consideração todos os elementos extras que existem por trás da arte de sobreviver.

A ideologia por trás de tudo é tentarmos ficar fortes, mentalmente e fisicamente, nas dificuldades, mantermo-nos íntegros durante momentos difíceis e isto não significa ficar de peito aberto com uma arma na mão, a proteger quem nos rodeia.

Já pensou o quão difícil é mantermo-nos íntegros nos dias de hoje e sem qualquer colapso? Neste mundo corrupto, sem dó nem piedade? Num mundo em que somos apenas números e úteis enquanto trabalhamos e fazemos os ricos ficar ainda mais ricos? Agora imagine que isto se intensifica um nível onde as coisas saem totalmente fora do controle? É pior ainda!

Será que queremos viver com a mancha moral e emocional de ter feito o que precisamos de fazer para sobreviver e manter a família viva?

Não sei responder concretamente. Não é à toa que países devastados pela guerra, no pós-Guerra, existem índices altíssimos de, por exemplo, alcoolismo, uso de drogas, depressão e suicídio. Isso significa que durante um período de crise, você fez o que quis, e depois, infelizmente, o peso da culpa vem atrás e destrói o resto da sua jornada.

Para ser um sobrevivencialista, partimos do princípio de que não queremos estar nesta posição de fazer o que é preciso fora das regras comuns, porque isso vai levar à tragédia a médio ou longo prazo. Não somos anarquistas, nem adoradores do fim do mundo. Oficialmente, não queremos que aconteça nada de mal, pois apesar da preparação, há sempre condições para a qual não estamos prontos e podemos perder a vida sem nos apercebermos.

Para enfrentar as dificuldades inerentes de um problema, para além da calma e resiliência, o leitor tem de mostrar uma capacidade de lidar com faltas de algo a que estava habituado, tentar ser autónomo o mais possível, mesmo que venha a pertencer a uma comunidade, estar consciente do problema à sua frente e, de acordo com a informação disponível e talvez até treinada, ser aquele que as pessoas consideram como o líder, não o “chefão”. No final, o que se procura é a autossuficiência.

O que busco partilhar é a tentativa de construir um código de conduta que junta, tanto o comportamento, como a prática, de modo a trazer para si uma vida mais plena, mesmo enquanto enfrenta dificuldades. Ninguém quer um mundo ao estilo “Mad Max”, destruindo tudo e todos para alcançar o pouco que se consegue e num processo onde apenas acontecem barbáries numa situação de necessidade. No final, você é inconsequente e apenas os de topo sobrevivem à custa do seu esforço e, possivelmente, vida.

Entenda que o que mais importa na nossa existência é construir uma presença sólida o suficiente com preparação, treino, técnica, estrutura, tecnologia, para que nós possamos manter uma vida integra.

Hoje nós estamos num momento onde o mundo anda a flutuar de várias formas diferentes e há muita incerteza no ar. Este poderá ser o momento de tentar ajudar as pessoas à sua volta de forma a entender um pouco melhor o que é o sobrevivencialismo e passar para estes uma razão, um modo que faça sentido, algo que ressoe com o interior das mesmas.

Esta oportunidade neste jornal é uma ferramenta que poderá servir para trazer mais pessoas para este mundo da preparação, para que estas mesmas possam evitar sofrimentos no futuro.

Não sei se me é permitido, mas faça chegar a sua opinião ao jornal. Seja educado na sua premissa e diga se concorda ou discorda. Mostre que esta escrita pode ou não ser útil, se tem interesse ou até que interesses, se algum, poderá ter dentro desta área, duvidas ou experiências.

Eu prefiro que siga a minha escrita pelos motivos certos e não se sinta enganado/a, achando que sou alguém que não sou, sem experiência ou conhecimento factuais.

Seja livre, metódico e esteja preparado.

José Ligeiro