Editorial 21-10-2017

 

Cuide-se dos vivos

 

Com as mortes feitas acontecer pelos incêndios que arrasaram o Centro de Portugal, ergueram-se centenas de vozes a censurar tudo e todos, a mostrar compaixão por quem não merecia compaixão mas sim apoio, um apoio minimizador das agruras físicas, psíquicas e económicas que passaram a atravessar.

Revoltam-me as notas de dó, de piedade fingida de carpideiras que não sabem, não entendem a dor anestesiante de quem perdeu tudo o que granjeou numa vida de trabalho e se vê, de um momento para os outros, por incúria dos governantes e elos de ligação, a vaguear num mundio irreal, o dos zombies, sem encontrarem o rumo a dar à nova vida(?). Revolta-me ver gente bem, tipo Catarina, a falar de dor e de outras coisas, sem minimamente conhecer o que é a dor, que não é a de Pessoa mas a das pessoas que ficaram num nível de vida que ele, Catarina e outras catarinas, nunca por nunca ser, conseguirão entender: quem sempre viveu ou mamou do estado, quem nunca sujou as mãos na terra ou quem nunca criou calos nas mãos a trabalhar nunca o entenderá. Calem-se, pois, as carpideiras e os “bem-intencionados” que não distinguem um ápodo de um apodo, ou um rebanho de um fato.

Ainda se desmoronavam paredes e o chão esburacava, quando o Marquês de Pombal, estadista de mão cheia e vistas largas, proclamava: «enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos». Sim, o marquês sabia o que prioritário, ainda que outras coisas fossem urgentes. É o que se não vê neste país em que se proclama e se apela ao urgente descurando o importante, este sim, prioritário no estado a que chegou o país após os últimos incêndios.

Reunido extraordinariamente, em acções de pura propaganda, vários ministros têm vindo hoje a apresentar medidas a implementar. Promessas, só promessas mentirosas, de um governo inapto chefiado por um Costa menos que sofrível, político manhoso, parco de conhecimentos económico-financeiros, discípulo dilecto de Sócrates nos dois governos que levaram Portugal à bancarrota, palavroso e ridiculamente sorridente nas horas de amargura.

De um momento para o outro, ao sentir-se “entalado” pelas críticas duras de Marcelo, quis fazer um “mea culpa” esfarrapada, com pedidos de “desculpa”, que, apetece dizê-lo, só sente da boca para fora.

Não acredito nele nem nas pantominas hoje avançadas pelos seus ministros. Para já gostaria que estipulasse um subsídio remuneratório, não de reinserção social, a todos os que, mercê dos incêndios, não têm qualquer provento, pois os seus meios de subsitência vinham das terras que exploravam. Isso, sim, é IMPORTANTE.

E Coimbra? Bem, em Coimbra as coisas caminho no rumo certo delineado a machado. Depois do acordo para o alongamento da pista internacional, agora a resolução do problema de mais de uma dezena de anos: o “metro” para Lousã. No afã de dar cumprimento ao prometido em campanha, MM acaba de fechar contrato com uma empresa de carrinhos de feira, em falência, adquirindo-lhe os carrinhos eléctricos – carrinhos de choque – que em breve circularão entre Coimbra e Serpins para jubilação plena dos usuários.

Os políticos são gente de palavra! Por vezes esquecem-se é dos vivos.

ZEQUE