SERÁ QUE CHEGAMOS À IDADE DA REFORMA?

Rosarinho Portugal46

 

Boa pergunta!

O meu intuito é escrever sobre o 25 de Abril, o que representou para mim, como vivi esse dia e que conclusões tirar ao fim de 50 anos.
Mas li uma notícia que vem muito ao encontro do que penso sobre a liberdade que aquele dia 25 de Abril de 1974 nos deu. Podermos trabalhar cada vez mais e até bem mais tarde.

Sabemos que a média de vida, dada a evolução da Medicina e da Investigação é mais longa. Ok, tudo bem. Mas e chegar ao fim de 40 anos de trabalho e ter o direito à reforma sem penalizações para podermos usufruir um pouco da vida?

Acho que seria justo!

Em 2024 a idade normal de acesso à reforma sem penalizações vai manter-se igual a 2023, ou seja , 66 anos e 4 meses. Mas em 2025 aumentará para os 66 anos e 7 meses. Mais 3 meses e com estes acrescentos de 3 meses, a merecida reforma fica cada vez mais longe. Se pegar no tempo que haverá em 2025, quem pensava reformar-se em 2027 só o poderá fazer em 2028.

Num artigo já publicado no Ponney “Podemos viver sem trabalhar”, o autor do artigo, dizia:
“… Para a maioria , o trabalho em vez de ser uma parte importante do novo projeto de vida , acabou por açambarcar toda a vida e para outros ainda é uma pena para cumprir para sobreviver.”
Esta é a nossa realidade! Quem não ouviu falar de Síndrome de Burnot ou Síndrome de Esgotamento Profissional?

Trata-se de um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, stress e esgotamento físico e psicológico, resultante de situações de trabalho desgastantes.

São muitos os que trabalham anos e anos sem motivação, sem gosto pelo que fazem, a ter que dar muito mais do que devia ser exigido, tudo sem questionar, porque há que salvaguardar a sua sobrevivência.

50 anos depois de uma ditadura fascista , conquistámos a Liberdade!
Sim! Liberdade?

Apenas para expressarmos o que sentimos e pensamos e nem sempre é possível, basta ver quantos trabalhadores são alvo de escravatura e não podem falar.
Hoje podemos falar sem medo, pois a melhor coisa que aconteceu com a revolta dos Capitães de Abril, foi o fim da PIDE. Quantos foram presos, torturados por nada! Por serem pessoas, com cabeça e pensar diferente?
Deus nos livre!
Mas toda esta conversa, para afinal colocar uma questão: Hoje temos mais qualidade de vida?

Uns poderão dizer que sim, já, talvez a maioria, dirão que não. Depende da realidade de cada um. Mas temos que concordar que o país está sem dúvida muito melhor e a generalidade das pessoas vivem melhor, mas ainda falta qualidade à democracia.

Hoje, todos, homens, mulheres, jovens e velhos, todos temos uma arma na mão. VOTAR! Mas muito há a fazer neste campo. Todos os votos têm que valer o mesmo. O voto dos que vivem em aldeias do interior completamente esquecidas, esses votos têm que valer o mesmo dos que votam na Capital, por exemplo.

A classe política está desacreditada. Continuar a votar em partidos e não em pessoas deu nisto e vão aparecendo outros, nitidamente de protesto, que arrastam pessoas, pelo cansaço e desilusão com os que têm governado.

O 25 de Abril ainda está por cumprir. Há muita coisa a mudar, por mais justiça, por mais igualdade e essencialmente, tempo para saborear o que a vida tem de bom.
Há quem diga que não festeja o 25 de Abril, mas sim o 25 de Novembro. Costumo fazer a comparação, festejaríamos o Natal se não houvesse Páscoa? Claro que não.

A Esquerda quisera chamar a si o direito ao 25 de Abril. Ora o 25 de Novembro foi uma nova luta por Liberdade, por isso esta última data divide. Mas a Direita foi sempre considerada pela Esquerda alargada como se fosse uma reencarnação do Estado Novo, considerada uma traição ao 25 de Abril, não foi e não é, nunca! Tal como a Esquerda não pode ser toda metida dentro dos que consideravam a URSS um paraíso na terra.

Temos que continuar a olhar em frente e nunca perder aquele sonho de Liberdade, mas uma liberdade justa e credível.

Viva a Democracia!
Viva Portugal !

Rosário Portugal