Editorial 18/10/2024

EDITORIAL 18 10 2024

“A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA”

“A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA” é o título do quadro de Salvador Dali que pedi emprestado para também dar o título a este editorial. No quadro aparecem relógios derretidos. Esta obra de arte de Dali é interpretada por muitos estudiosos como sendo “uma visão subjetiva da temporalidade e das suas implicações, seja na obra de arte ou nas lembranças.” Uma homenagem subjetiva ao Tempo.

A imagem e a palavra, como homenagem ao tempo, ainda que subjetivo, persistem na nossa memória. Obviamente que há coisas que desejamos esquecer. Coisas que, talvez por nos causarem mal estar, tendemos (ou desejamos) esquecer. Mas até esses casos, que se desejam esquecer (felizmente mais raros) são memórias chamadas pelos psicólogos que usam o método mais usual de que “só encarando o conflito o podemos resolver.”

Penso que fica claro a necessidade do apelo à memória, seja ela por intermédio de imagens ou pensada por palavras. Não resisto à tentação de trazer, da minha memória subjetiva, o escrito de Fernando Pessoa: « A obra principal do fascismo é o aperfeiçoamento e organização do sistema ferroviário. Os comboios agora andam bem e chegam sempre à tabela. Por exemplo, você vive em Milão, seu pai vive em Roma. Os fascistas matam o seu pai mas você tem a certeza que, metendo-se no comboio, chega a tempo para o enterro.» Esta memória traz-me à ideia que nem sempre o que funciona bem tem o cuidado com as pessoas.

O problema é quando as coisas não funcionam bem, nem se tem o cuidado com as pessoas e essa memória traz-nos uma enorme indignação, o que pode ser muito perigoso. Pois se as coisas não funcionam nem há cuidado com as pessoas, uma parte das pessoas, que também são eleitoras, começam a desejar que...pelo menos as coisas funcionem! Ora isso é perigoso pela possibilidade de se abrir as portas do poder à tirania. Mal por mal ainda é melhor ter-se o cuidado com as pessoas do que as coisas funcionarem bem.

Para ajudar a combater qualquer tipo de tirania, vista a tirania camisa preta ou a vermelha, devemos apoiar a arte onde o desenho se cruza com a escrita (com ou sem palavras) e por isso trazemos «HOJE, É DIA NACIONAL DA BANDA DESENHADA». Finalmente Portugal começa a resgatar a Banda Desenhada para as prateleiras de cima da Literatura. Em abono da verdade esta proposta em Assembleia da República deve-se ao partido Livre.

Mas na isenção também se deve dizer que, na Assembleia da República há «LIVRE POPULISMO». Essa é uma memória que devemos ter presente para percebermos que, também, há quem use uma memória adulterada, com intenção, para deturpar o sentido que nos dá a História e isso é muito perigoso para a Democracia.

Da adulteração da memória, passamos para o desviar da atenção. Nas muitas discussões sobre o Orçamento de Estado de 2025, parecendo mais uma novela mexicana do que uma discussão política séria, passa ao lado da maioria que «NÃO FALTARÁ DINHEIRO PARA A PRESIDÊNCIA», apesar das dificuldades financeiras para as prioridades para o desenvolvimento de Portugal.

Para Coimbra, fazemos a pergunta «HÁ MOTORISTAS A SOBRAREM NOS SMTUC ?». Até parece descabida a pergunta, mas a realidade é que há enormes diferenças entre o discurso e a ação. Será falta de memória por parte da senhora Vereadora com o pelouro dos transportes municipais?

O Ponney, como jornal, tem o dever de informar os erros para que possam ser corrigidos pelo poder autárquico. O artigo «TRANSPARÊNCIA E LIMPEZA EM COIMBRA» aponta diferentes formas de informação que a CMC oferece aos seus cidadãos.

Lembramos que este mês de Outubro é o mês que lembra o cancro da mama e por isso chamado «OUTUBRO ROSA».

Depois temos os artigos de opinião que inicia com o artigo «TODAS AS DISCUSSÕES SOBRE O ORÇAMENTO VÃO DAR A ... BRUXELAS» escrito pelo nosso amigo António Pinhas, que de vez em quando nos manda um artigo seu.

Com alguma polémica chegam as memórias da nossa muito querida colaboradora, Rosário Portugal, que nos traz o artigo «PRINCÍPIOS E VALORES QUE NÃO SE ESQUECEM».

Ora, para equilibrar a balança política temos o artigo da professora Carla Marques, que nos traz que o «PCP É FUNDAMENTAL PARA A DEMOCRACIA». Sem dúvida que só o equilíbrio ideológico dão consistência à Democracia. Pelo menos à ‘Democracia’ que O Ponney defende.

Por falar em ‘memória’ temos o artigo da colaboradora assídua de O Ponney, Manuela Jones, que nos traz o artigo de opinião «REFLEXÃO NO DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE MENTAL». Colocando-nos uma questão sobre os cuidadores. Esperamos que haja seguimento a este artigo para que se questione o papel dos cuidadores.

Muitos mais artigos estão publicados no O Ponney. Um deles fala de como se se faz o nó de borboleta - importante que saibamos fazer este nó. Já experimentei e parece mais complicado do que é.

Que tenham um excelente fim-de-semana devidamente “iluminado” para estarmos mais esclarecidos.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney