AS MÃES DA PRAÇA DE MAIO

AS MÃES DA PRAÇA DE MAIO
E JORGE BERGOGLIO - PAPA FRANCISCO

“Deixámos as lágrimas em casa e fomos para a rua lutar pelos nossos filhos” – As Mães da Praça de Maio

Iniciado em 1977, o Movimento das Mães da Praça de Maio é uma associação de mulheres em Buenos Aires, Argentina, em virtude de os seus filhos terem sido assassinados e desaparecido durante o período da ditadura militar que governou o País entre 1976 – 1983.
O presidente que governou a Argentina durante este período foi o sanguinário Jorge Videla, chegado ao poder através de um golpe de estado que depôs Maria Estela Péron, a presidente eleita e em exercício.

As Mães começaram a encontrar-se na Praça de Maio, em frente da Casa Rosada, sede do governo, com as cabeças tapadas por lenços brancos que simbolizavam as fraldas dos filhos perdidos.
O governo, como não podia deixar de ser, considerou o movimento subversivo e mandou torturar e assassinar a sua fundadora, Azucena de Villaflor, assim como, as freiras francesas que a apoiavam, Alice Dumon e Léonie Duquet.

Mais de 30.000 civis foram assassinados (entre eles muitos judeus, porque os militares eram antissemitas), desapareceram mais de 10.000 pessoas, a maioria jovens, incluindo o sequestro de 500 bebés, que foram colocados à “guarda” de familiares dos militares afetos ao regime.
Muitos desses jovens ainda hoje não conhecem a sua verdadeira família, apesar do esforço dos cientistas envolvidos.

Cerca de 5 mil opositores ao regime foram arremessados, vivos, de aviões durante sobrevoos ao Rio de Prata, isso depois de passarem por torturas terríveis. Um dos casos mais marcantes foi o do estudante Floreal Avellaneda, que tinha apenas 15 anos, tendo o seu corpo sido encontrado no Rio da Prata pelos militares uruguaios, assim como o de muitos outros perseguidos.
A quantidade de corpos encontrada em território uruguaio foi tão grande que os militares desse país – na época também uma ditadura – reclamaram com o governo argentino.
A saída? Os voos para a morte continuaram, mas no Oceano Atlântico, bem longe da costa do Uruguai.

Por isso, quando no dia 13 de Março de 2013, Jorge Bergoglio, jesuíta, Arcebispo Primaz de Buenos Aires, foi eleito Papa, fiquei esperançada em que muita coisa se iria saber…

Jorge Bergoglio era o padre que dava a comunhão a Jorge Videla, e até aos dias de hoje nunca foi capaz de condenar as atrocidades cometidas; e não pode alegar que não tinha conhecimento.
Quanto ao segredo da confissão, há muita maneira de o contornar e Deus na sua infinita misericórdia com certeza que perdoava, porque as Mães (cada vez menos) ficar-lhe-iam muito agradecidas por poder dar uma sepultura aos seus filhos.

Se realmente é verdade, como alguns historiadores afirmam, que o Papa Francisco é conhecedor de toda a tragédia humana que se desencadeou naquele período, tem o dever de informar toda a verdade.

Infelizmente, a cada dia que passa, a Igreja deixa-me mais e mais apreensiva…


Maria Leonor Correia

NOTA: Jorge Videla foi condenado diversas vezes. O último julgamento, em 2012, valeu-lhe a condenação de 50 anos. Morreu na cadeia sem nunca se ter arrependido.
Informação retirado da Wikipédia
Em 1992, todos os membros da Associação Mães da Praça de Maio receberam o Prêmio Sakharov de Liberdade de Pensamento.
Em 1997, María Adela Gard de Antokoletz foi agraciada com o Prêmio Ativista Internacional Gleitsman pela Fundação Gleitsman.
Em 1997, a organização foi premiada com a Medalha Geuzenpenning em Vlaardingen, Países Baixos.
Em 1999, a organização recebeu o Prêmio da UNESCO pela Educação para a Paz.
A 10 de dezembro de 2003, a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela Barnes de Carlotto, recebeu o Prêmio das Nações Unidas no campo dos direitos humanos.

Imagens retiradas da net