Tempos modernos

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O ministro da propaganda discursa: os outros escutam-no “atentamente”

 

Os tempos andam estranhos (ou talvez não!).

1. O desespero socialista perante a hipótese de perder o poder e a possibilidade de distribuir os milhões do PRR está a atingir o zénite. A Gestão da Res Publica como quem gere uma mercearia é, cada vez mais, uma realidade.

2. Costa pede desculpa aos Parceiros Sociais porque não lhes comunicou a aprovação, em Conselho de Ministros, de alterações relevantes ao Código de Trabalho, apesar de com eles ter reunido no dia anterior. A desfaçatez deste pedido é imensa, como se todos nós não soubéssemos que se trata de uma tentativa de comprar os votos do PCP e do BE (não refiro os Verdes porque são um apêndice do PCP), enterrando, ainda mais, a economia e as empresas portuguesas.

3. O Ministro da Economia inventou um cartão tipo Continente para oferecer desconto nos combustíveis (5€/mês família) e teve o desplante de dizer que era o primeiro Governo a fazê-lo, já depois da França ter anunciado a atribuição de um cheque de 100€ aos contribuintes franceses com o mesmo fim. Mais, com este cartão de descontos, os combustíveis fósseis deixam de prejudicar o ambiente.

4. A ministra do orçamento dos 0,25% (Cultura) anunciou a criação de um subsídio de desemprego para os artistas, quase dois anos depois do começo da epidemia. Deve ter andado ocupada a contabilizar os cêntimos do orçamento do seu ministério, integrante de um Governo que enche a boca com a Cultura, mas a quem distribui migalhas. Apesar disso, os artistas correm a integrar comissões de honra cor rosa. Deve ser uma espécie de masoquismo.

5. Anuncia-se, já, o salário mínimo de 2025, esquecendo-se de esclarecer que, por cada Euro de aumento, o Estado arrecada 34,75 cêntimos em contribuições à conta dos trabalhadores e das empresas.

6. A proposta de Orçamento de 2022 está cheia de novas taxas e taxinha e alterações cirúrgicas que irão aumentar a receita fiscal, inclusive no IRS, mas continua a vender-se a ideia de que os impostos vão baixar. Parece-me que esta capacidade de ilusionismo fiscal está a chegar ao fim, mas, como sempre, quem se lixa é o mexilhão.

7. Muitos mais exemplos poderia aqui escrever, mas a crónica já vai longa e há mais vida para além do Orçamento. Pena o Marcelo não seguir o exemplo desse seu antecessor e dissolver a Assembleia da República só que, desta vez, justificadamente.

António Franco